O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, reagiu ao pedido curto de adiamento do Brexit feito pela primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmando que considera ser “possível” conceder esse adiamento, mas com uma condição: o Reino Unido terá primeiro de aprovar o Acordo de Saída negociado entre a União Europeia (UE) e o país, que já foi chumbado duas vezes no Parlamento britânico.

A informação foi dada pelo próprio numa conferência de imprensa em Bruxelas esta quarta-feira, sem direito a perguntas. “Acredito que uma extensão curta é possível, mas está condicionada por uma aprovação do Acordo de Saída da Câmara dos Comuns”, declarou Tusk.

May anunciou na manhã desta quarta-feira que pediu um adiamento até 30 de junho — data que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, tinha descartado, por passar a data das eleições europeias (29 de maio). Tusk, por seu turno, afirmou que a questão da duração da extensão do Artigo 50 (ou seja, do adiamento) “permanece em aberto”.

O presidente do Conselho Europeu também se mostrou disponível para que os líderes europeus ratifiquem os acordos sobre o backstop que foram conseguidos entre May e Juncker em Estrasburgo, como lhe tinha pedido a primeira-ministra britânica. May espera assim que os documentos possam servir para justificar ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, uma “alteração substancial” ao acordo, de forma a que este possa ser votado novamente.

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De qualquer forma, com a cimeira europeia marcada já para esta quinta-feira e tendo em conta a posição do Conselho Europeu explicitada por Tusk, qualquer aprovação do acordo de May só poderia ocorrer no final desta semana ou na próxima semana. A data oficial de saída do Reino Unido da UE permanece atualmente a 29 de março.

Se os líderes aprovaram as minhas recomendações e se houver uma aprovação na Câmara dos Comuns na próxima semana, poderemos finalizar e formalizar a decisão da extensão”, resumiu Tusk.

O problema é que, para tal acontecer, a primeira-ministra precisa não só de convencer Bercow a deixá-la re-apresentar o acordo a votação, como precisa de garantir que os deputados apoiam o seu documento — algo que não aconteceu por duas vezes. O presidente do Conselho Europeu, contudo, acredita numa solução: “Mesmo que a esperança de um final bem sucedido pareça frágil ou até mesmo ilusória, e a fadiga do Brexit seja cada vez mais visível e justificada, não podemos desistir de encontrar uma solução positiva até ao último momento”, declarou Tusk.