O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas partiu esta terça-feira para Moçambique com uma equipa que tem como objetivo realizar um “diagnóstico rigoroso” sobre a situação da comunidade portuguesa e dos meios necessários para ajudar.

O objetivo da missão é realizar um diagnostico tão rigoroso quanto possível sobre as condições da comunidade portuguesa em Moçambique, nomeadamente na região da Beira. Estamos a falar de uma região e de uma jurisdição consular que corresponde a toda a Península Ibérica, que se encontra sem comunicações nesta altura”, disse José Luís Carneiro, em declarações à agência Lusa.

No grupo que partiu para Moçambique estão elementos da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e do Camões — Instituto da Cooperação e da Língua.

O secretário de Estado explicou que, entre sexta-feira e sábado, se vão juntar a esta equipa elementos do Ministério do Ambiente, responsáveis com “possibilidade de agilizar mecanismos na área da saúde” e também uma “equipa reforçada da Direção-Geral dos Assuntos Consulares, com funções consulares e diplomáticas”.

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José Luís Carneiro salientou que o mau tempo vai continuar e é necessário fazer um levantamento “tão rigoroso quanto possível”.

“É necessário este levantamento para que a ANPC, que está a coordenar esta operação, sob a presidência do general Mourato Nunes, possa de seguida disponibilizar os meios e recursos necessários para garantir o apoio de emergência aos portugueses, mas também manifestámos às autoridades moçambicanas todo o espírito de cooperação e solidariedade do Estado português”, declarou, acrescentando que este é um “momento dramático que está a passar um país irmão como Moçambique”.

O governante explicou que a equipa vai trabalhar no terreno para analisar as condições e os meios a mobilizar.

O Estado português, quer pelo primeiro-ministro, quer pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, já afirmou a total disponibilidade relativamente ao Estado moçambicano para mobilizar os meios necessários para apoiar a comunidade portuguesa e também o povo moçambicano. Mas os meios devem obedecer a um prévio diagnóstico rigoroso, porque para posicionar os meios no terreno é necessário avaliar as condições, para que estes possam estar operacionalizeis a nível logístico e de apoio às populações”, defendeu.

José Luís Carneiro adiantou que o Estado português tem meios “pré-posicionados para serem mobilizados quando houver condições para tal”, defendendo também a importância de Portugal articular a ajuda necessária junto da União Europeia.

Em relação aos portugueses, o secretário de Estado reafirmou que não tem informações de vítimas mortais ou desaparecidos, mas frisou que ainda é cedo para dar garantias.

“A informação de que dispomos é que não existem vítimas mortais ou desaparecidos (…). É muito prematuro retirar ilações definitivas. Existe um trabalho a ser feito pelos serviços consulares e diplomáticos e pela Embaixada em Maputo, numa situação de catástrofe humanitária, talvez a maior que Moçambique viveu até hoje”, defendeu.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos.

Em Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou hoje que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil “estão em situação de risco”, tendo decretado o estado de emergência nacional.

O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.

Ciclone Idai pode ser “o pior desastre do hemisfério sul”. Balanço aponta para mais de 350 mortos

A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando que se trata da “pior crise humanitária no país”.

No Zimbabué, as autoridades contabilizaram até segunda-feira pelo menos 82 mortos e 217 desaparecidos, bem como cerca de 1.600 casas e oito mil pessoas afetadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland.

No Maláui, as únicas estimativas conhecidas apontam para pelo menos 56 mortos e 577 feridos, com mais de 920 mil pessoas afetadas nos 14 distritos atingidos pelo ciclone, incluindo 460 mil crianças.