O espanhol Fernando Alonso, habituado desde pequeno a fórmulas ágeis, leves e rápidos, tido como dos melhores valores da F1, decidiu, à falta de um carro competitivo, dedicar-se a disciplinas paralelas, das corridas de resistência às americanas. Tudo para reunir troféus em provas emblemáticas.

Na perseguição de corridas e disciplinas que nos fazem sonhar, a nós e ao piloto espanhol, há uma prova que se destaca, mas que está nos antípodas do que pode ser considerado a especialidade de Alonso. O Dakar, onde mais do que ser rápido, há que ter experiência fora de estrada – quando Fernando é um especialista em rodar (muito rápido, diga-se) dentro dela –, saber ler o terreno, a areia e as pedras, para conseguir evitar as ratoeiras. E a prova é que o Dakar nunca sorriu a grandes pilotos de outras disciplinas (Carlos Sainz será uma excepção, mas a sua especialidade, os ralis, estavam mais próximos do TT) e, sobretudo, a grandes “artistas” dos circuitos em asfalto.

Mas depois dos seus títulos de campeão de F1, vitória nas 24 Horas de Le Mans e na esperança de em breve juntar um triunfo nas 500 Milhas de Indianápolis ao seu palmarés, Alonso está já a pensar participar no Dakar. Tarefa que não será difícil de concretizar, uma vez que a sua marca fora da F1 é a Toyota, que possui dos carros mais competitivos na maratona de TT que nasceu em África, antes de se mudar para a América do Sul.

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Para ver como se sente aos comandos da pick-up Hilux oficial, que é desenvolvida e produzida na África do Sul, o espanhol vai deslocar-se em breve a Joanesburgo, onde vai testar o carro de competição que, muito provavelmente, mais confusão lhe irá fazer. Não por lhe faltar competitividade, rapidez ou resistência, uma vez que o Toyota é dos melhores nestes três domínios. Mas sim porque Alonso sempre pilotou fórmulas ou protótipos de pista, em que pisar uma pedra era um problema que poderia furar um pneu ou desalinhar a direcção, e vai passar a conduzir uma “camioneta” indestrutível, em que é tão fácil passar o leito de um rio como saltar por cima dos maiores pedregulhos, para depois aterrar com infinita graciosidade.

Que Alonso vai ser rápido, temos a certeza. Contudo, o TT será uma disciplina que tanto lhe pode trazer muita felicidade, como pode atirá-lo para a cama de um hospital. Isto porque em vez de corridas de F1 de duas horas, ou de protótipos com 24 horas, o espanhol vai percorrer 9.000 km em duas semanas, onde é fácil cometer um erro e onde estes, tradicionalmente, se pagam caro. Mesmo se conta com um professor com o estatuto de Giniel de Villiers, um dos pilotos oficiais das pick-ups da Toyota e um especialista na prova.