Já “muitas pessoas foram ouvidas”, mas o caso do desaparecimento de Rosiney Oliveira ainda permanece um mistério. A brasileira de 31 anos desapareceu há cinco meses, em Condeixa-a-Nova, uma vila no distrito de Coimbra. Fonte da Diretoria do Centro da Polícia Judiciária (PJ), que está a investigar o desaparecimento, diz, porém, ao Observador que ainda “está tudo em aberto”.

A demora na chegada de respostas está a suscitar alguma revolta na comunidade brasileira a residir em Portugal, que se tem organizado em grupos do Facebook, para realizar manifestações contra as autoridades portuguesas — que acusam de nada estarem a fazer para encontrar Rosiney. Os investigadores negam e garantem ao Observador que “a investigação está a decorrer” e estão a ser desenvolvidas “todas as diligências possíveis”.

Há um inquérito no DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Coimbra. Não é uma situação que esteja a ser tratada como uma desaparecimento voluntário“, garantiu fonte da PJ ao Observador.

Até ao momento, ninguém foi constituído arguido e não há suspeitos de envolvimento no desaparecimento. “Há muitas pessoas que foram ouvidas formal e informalmente: algumas prestaram declarações no âmbito do processo e outras foram contactadas no âmbito da investigação policial”, disse a mesma fonte, não revelando quem são essas pessoas.

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Rosiney Oliveira veio para Portugal em outubro do ano passado. “Ela queria mudar de vida como qualquer jovem. O sonho dela era ir para Portugal e dar-se bem como tantos jovens que vemos a dar-se bem”, disse, na altura, Daiane Pires, sobrinha de Rosiney, ao Observador. Já em território português, a brasileira de 31 anos arranjou, rapidamente, trabalho na cidade da Moita, no distrito de Setúbal, onde ficou a viver de forma temporária. Segundo a sobrinha, Rosiney “estava a tomar conta de uma senhora” quando tomou conhecimento, através de uma proposta no Olx, de uma vaga para empregada de mesa no restaurante Restinova, em Condeixa-a-Nova, uma vila no distrito de Coimbra.

Começou a trabalhar nesse restaurante no dia 16 de outubro e ficou a viver na casa dos antigos proprietários do restaurante. Nessa altura, Rosiney falava frequentemente com a família: “Conversava com ela toda a semana. Ia perguntando se estava tudo bem. Ela sempre dizia que estava muito feliz que tinha encontrado um trabalho“, contou a sobrinha. Até ao dia 14 de novembro: esse dia foi a última vez que a jovem estabeleceu contacto com a família.

Em março, quando fez quatro meses do desaparecimento, várias pessoas manifestaram-se em Coimbra (Foto: Facebook)

No dia anterior, 13 de novembro, Rosiney Oliveira tinha sido despedida porque tinha “problemas muito graves com álcool”. “Foi avisada várias vezes, mas continuou”, explicou José Correia, o proprietário do restaurante, ao Observador. Neste ponto, a família discorda e acusa até o proprietário de “denegrir a imagem” de Rosiney.

No dia seguinte, Rosiney terá saído “de livre e espontânea vontade” depois de ter recebido uma chamada telefónica e, segundo o proprietário do restaurante, deixando para trás uma mala grande e outra mais pequena e levando consigo apenas uma mala média e toda a documentação. “Disse apenas que estava a espera de um amigo de Coimbra para uma boleia”, explicou ao Observador José Correia, garantindo que não sabe com quem saiu nem a que horas saiu.

Cinco meses passaram e não há sinais de Rosiney. A investigação ao desaparecimento continua a decorrer, mas “não está a ser fácil” encontrar sinais da jovem brasileira, diz a mesma fonte da PJ ao Observador.