Jürgen Klopp nunca foi nem provavelmente será um treinador que passe ao lado da imprensa e dos adversários. Pelo que diz, pela forma como diz. Pelo que faz, pela forma como faz. Pelo que é, que vem de uma maneira muito própria de ser. O alemão para quem dia de jogo é de chapéu e fato de treino deu nas vistas em termos europeus ao serviço do B. Dortmund e prolongou essa aura no Liverpool, tornando-se um dos técnicos mais mediáticos da atualidade. E foi também dele que surgiu o maior elogio para tudo aquilo que o FC Porto conseguiu fazer no Dragão perante os reds, apesar do desaire por 4-1.

Entre travar o Fórmula 1 e ser atropelado, a diferença esteve na gasolina – e não foi pela greve (a crónica do FC Porto-Liverpool)

No final do encontro, Klopp fez questão de cumprimentar todos os jogadores dos azuis e brancos um a um, como que dando os parabéns pela exibição conseguida até à quebra que levou à derrocada no segundo tempo. Mais tarde, e ainda na flash interview da Eleven Sports, o alemão explicou o gesto. “Aprecio quando uma equipa se esforça assim tanto. Adorei, gosto muito da equipa do FC Porto. Foi incrível como jogaram hoje. Sei que não ajuda mas quis dizer aos jogadores do FC Porto que vi o esforço que tiveram em campo. Criaram muitas ocasiões no início, tiveram paixão e foi muito difícil conseguir as segundas bolas. Mas era claro que o FC Porto não poderia manter o ritmo e tivemos depois boas ocasiões. Na segunda parte defendemos bem melhor mas na primeira não conseguimos controlar Danilo e Herrera”, explicou o treinador.

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Mais tarde, na conferência de imprensa, o líder dos reds voltou a destacar a boa réplica dos dragões, assumindo que a diferença total de 6-1 na eliminatória não reflete a diferença entre o que cada equipa produziu. “Estou muito, muito contente. Como disse, este era um jogo difícil e foi difícil. Não ficámos surpreendidos. O FC Porto tornou o jogo muito físico, houve muitos duelos e tínhamos de ter cuidado para não cometer faltas ou até mesmo grandes penalidades. Não tivemos a melhor reação à segunda bola na primeira parte, tentámos mudar o sistema várias vezes, mas não resultou. Modificámos ao intervalo. A diferença de 6-1 não reflete o que se passou nos dois jogos. Fomos melhores no primeiro jogo, não há dúvidas. Dominámos, jogámos muito bem e tornámos a vida do FC Porto muito difícil. Hoje aconteceu o contrário. É bom fazer parte deste jogo, sobretudo quando os adeptos estão atrás da equipa, mesmo como adversário. É difícil lidar com o jogo do FC Porto”, salientou.

“Hoje teve a ver mais uma vez com o que aconteceu em Anfield, um resultado pesado para aquilo que fizemos. Seria diferente se tivéssemos marcado lá um golo. É de louvar aquilo que os meus jogadores fizeram. A estratégia foi planeada para acontecer o que aconteceu na primeira parte, principalmente nos primeiros 30 minutos, a forma com pressionámos o Liverpool. Praticamente não chegaram à baliza, mesmo ao último terço. Tivemos três ocasiões claras e teria sido diferente se tivéssemos sido eficazes. Fizemos um jogo estrategicamente muito bom, muito acima da média. Limitámos ao máximo o que era a ligação da equipa adversária, da profundidade com que jogam, com muito critério no espaço que está nas costas da linha defensiva. Estivemos perfeitos na primeira parte. Depois, sofrer um golo daquela forma, não é fácil para ninguém”, assumiu Sérgio Conceição, elogiando também o carácter da equipa ao longo do encontro e a química entre jogadores e adeptos.

“Saímos de cabeça erguida. Infelizmente, como aconteceu em Liverpool, no primeiro remate à baliza fizeram golo. Foi a sorte que não tivemos. Tentámos ir à procura do resultado, não conseguimos. Eles contra-atacam muito bem e tiveram sucesso nisso. Contra estas equipas temos de ser mais esclarecidos na hora de finalizar. Nestes dois jogos, não fomos. Houve lances que podíamos ter definido melhor e serve sempre de lição”, rematou Danilo.