A sede do Automóvel Club de Portugal (ACP), em Lisboa – Rua Rosa Araújo, 24 -, acolhe uma exposição dedicada às 100 edições do Mapa das Estradas ACP, onde figura até o mapa de 1973, em que o então capitão Otelo Saraiva de Carvalho, comandante das operações do MFA, traçou os caminhos da revolução. Ontem, na inauguração da exibição, o agora coronel Otelo recordou a importância desse instrumento: “Foi essencial  na recolha de informação para os itinerários dos militares que participaram nas operações.”

O mapa que foi usado para planear as deslocações dos revoltosos de todo o país até Lisboa pertencia ao próprio Otelo. “Sou sócio do clube desde 1958 e como o recebia todos os anos, levei-o juntamente com outros documentos para o Posto de Comando da Pontinha, no dia 24 de abril de 1974. Escolhi o mapa do ACP por ser fiável, por ter uma dimensão que facilitava a consulta e porque rapidamente ficava a saber as quilometragens percorridas e os tempos que demoravam as colunas militares. Assim, acompanhava melhor as deslocações, que ia assinalando com alfinetes para controlar o cumprimento dos objectivos”, recorda o ex-militar.

A exposição está patente até 28 de Junho, com entrada gratuita

Mas há muito mais para ver na exposição “Pelos Caminhos de Portugal – 100 edições do Mapa das Estradas ACP”. Dividida em 10 módulos cronológicos, a mostra retrata não só a evolução da rede viária portuguesa, como também o modo como se foi alterando as formas de as pessoas se deslocarem. Para o presidente do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT), Eduardo Feio, “os mapas, mesmo como documentos físicos, continuam a ser muito importantes”. No mesmo sentido vão as declarações de um antigo membro da direcção do ACP, Eduardo Arbués Moreira, que esteve envolvido directamente em algumas edições do mapa. Segundo ele, “conhecer a geografia de um país é com um mapa na mão e não tanto com o recurso às novas tecnologias”.

O ACP edita o Mapa das Estradas desde 1913, enviando-o gratuitamente para os sócios a cada nova edição. O presidente do ACP, Carlos Barbosa, considera-o “uma referência obrigatória para os automobilistas nas suas deslocações”. E pelo menos assim é para Vasco Calixtto, neto de um dos fundadores do clube, que garante tê-lo usado sempre que precisou de planear viagens. “Levo sempre o mapa para todo o lado.”

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