O Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrónicos (IEEE, também nas siglas em inglês), impediu a Huawei e funcionários da empresa de participar em “certas atividades” da organização, como “publicação peer-review” (avaliação pelos pares, normalmente académicos ou investigadores) e “processo editorial”, divulgou a entidade em comunicado. O IEEE tem como presidente executivo José Moura, professor e investigador em engenharia informática na Universidade norte-americana Carnegie Mellon.

A IEEE afirma que a decisão foi tomada apenas para cumprir os requisitos do executivo dos Estados Unidos da América ao pôr a Huawei numa lista negra que levou empresas como a Google ou a Intel a anunciar o fim de relações. A entidade diz ainda que acredita que esta medida vai ter “impacto mínimo” no membros da IEEE, “incluindo aqueles na China”. Além disso, as “conferências e eventos em todo o mundo” que a organização promove e o acesso a “milhões de publicações” vão continuar “acessíveis a todos, independentemente da entidade empregadora”.

A associação norte-americana liderada pelo português José Moura identifica-se como “a maior organanização técnica e profissional dedicada ao avanço da tecnologia para benefício da humanidade”. A IEEE é responsável por várias publicações cientifícas citadas em trabalhos de investigação académico, sendo uma das associações de referência na área de engenharia informática.

Apesar de a IEEE referir os “impactos mínimos desta medida”, referindo explicitamente que “os funcionários da Huawei podem continuar a ser um membro da Associação de Standards da IEEE, a medida foi recebida com desagrado por alguns membros chineses, divulgou o TechCrunch. Alguns editores das publicações da IEEE receberam um e-mail da associação a afirmar que continuar a trabalhar com “colegas da Huawei” pode ter “implicações jurídicas severas”. Por esse motivo, Zhang Haixia, professora da universidade de Peking, na China, anunciou que vai deixar de trabalhar com a IEEE.

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Com esta medida, a IEEE junta-se a organizações como a Google ou Intel. Noutros casos, como a SD Association (controla todos os padrões para a tecnologia e utilização de cartões de memória SD) e a Wi-Fi Alliance (que estabelece os padrões de redes Wi-Fi), também houve bloqueios à Huawei, mas a situação foi revertida esta semana.

A Wi-Fi Alliance, que tem membros como a Apple, Qualcomm, Broadcom e Intel, “restringiu temporariamente” a Huawei de participar nos trabalhos da organização na definição dos standards da tecnologia wireless. Isto significa que, apesar de a Huawei poder continuar a utilizar os padrões e antenas Wi-Fi, esteve impedida desde a semana passada de participar nos trabalhos desta organização, que reverteu a situação. A SD Association também voltou atrás.

EUA, Reino Unido e Japão. Todas as empresas que estão a romper com a Huawei

A Huawei tem reiteradamente contestado as acusações dos Estados Unidos da América de que está envolvida em espionagem em conluio com o governo chinês. Com o bloqueio do executivo de Donald Trump, a empresa chinesa tem afirmado que já estava a trabalhar em planos B para um cenário de quebra de relações, o que vai implicar ter de ter um novo sistema operativo móvel e arranjar novos fornecedores para fabricar os produtos que vende, dos smartphones às redes 5G. A Huawei está ainda a tentar romper o bloqueio através do tribunais norte-americanos.

Contudo, sem data possível de lançamento para um software próprio da empresa e com os 90 dias de “transição” para o bloqueio dos EUA a chegarem ao fim em agosto, o futuro da Huawei é incerto (a empresa tem afirmado que vai continuar a garantir o suporte dos atuais equipamentos que têm software da Google).

*Artigo atualizado com informação de que a Wi-Fi Alliance e a SD Association reverteram a suspensão à Huawei anunciada na semana passada esta semana.