Uma equipa de cientistas australianaos registou casos de pessoas que estão a desenvolver um osso acima do pescoço, na zona do crânio, devido à utilização excessiva de telemóveis. A transformação é resultado da posição inclinada para a frente com que se usa o dispositivo habitualmente quando se olha para o aparelho (para escrever ou ler mensagens, ver vídeos ou outros conteúdos online e offline).

O grupo de investigadores que publicou o seu trabalho na reputada revista científica Nature concluiu que estão a crescer estruturas ósseas semelhantes a um gancho ou um chifre na parte de trás do crânio dos jovens.  Ao mover-se para a frente, a cabeça exige uma força adicional do pescoço, o que que provoca a deslocação do peso da coluna para os músculos da cabeça. Essa é a causa do desenvolvimento de um pequeno esporão ósseo nas ligações dos tendões e ligamentos.

Para chegar a estes resultados, os investigadores da Universidade de Sunshine Coast, na Austrália, fizeram análises de radiografias. Num primeiro estudo sobre o tema, publicado em março de 2016, Mark Sayers e David Shalar analisaram 120 jovens adultos, com idades entre os 18 e os 30 anos, concluindo que em mais de 40% dos casos tinha sido desenvolvido o osso.

Mais recentemente, em 2018, os investigadores retomaram as pesquisas, com intuito de descobrir se fatores como o sexo ou a idade influenciavam o surgimento do osso. Numa população de 1200, a estrutura óssea estava presente em 33% dos casos.

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Os resultados apuraram que nos homens, a chance de encontrar a estrutura é 5,48 vezes superior à chance de uma mulher. Além disso, o maior osso encontrado tinha 3,6 centímetros de comprimento e era de um homem.

Quanto ao fator idade, as pesquisas mais recentes confirmaram que em jovens até aos 29 anos a probabilidade de desenvolver o osso é de 15% a 40%. Entre os 30 e os 40 anos as probabilidade mantêm-se baixas (entre os 5% e os 15%), voltando a aumentar na entrada dos 50 anos, apresentando a partir daí valores entre os 15 e os 30%.

Condição verifica-se em 67.4% dos homens, e apenas em 20.3% das mulheres

Os autores do estudo confirmam que esta é a primeira adaptação fisiológica ou esquelética da utilização de tecnologia avançada na atualidade. Sayers defende que este é “um sinal de que a cabeça e o pescoço não estão com a configuração correta”.

Qualquer pessoas pode perceber se a adaptação óssea já está a ocorrer no seu corpo. Se, ao pressionar com os dedos a parte de trás do crânio acima do pescoço, sentir um pequeno chifre, o mais provável é já estar a sofrer da transformação.