Os trabalhadores dos hiper e supermercados e armazéns do Continente estão este domingo em greve por melhores salários e condições de trabalho, bem como pelo encerramento dos estabelecimentos aos domingos e feriados. A greve de 24 horas insere-se num conjunto de ações de luta dos trabalhadores das empresas de distribuição, que têm decorrido ao longo do mês e foram convocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).

Os representantes dos trabalhadores em greve vão promover ações de denúncia durante a manhã de domingo, junto às lojas Continente do GaiaShoping, em Vila Nova de Gaia, e de Telheiras, em Lisboa. Estes trabalhadores reivindicam a negociação do contrato coletivo, o respeito pelos direitos laborais e o encerramento dos estabelecimentos aos domingos e feriados.

Desde o dia 1 já estiveram envolvidos em ações de luta por melhores salários e condições de trabalho os trabalhadores do Pingo Doce, IKEA, Intermarché, C&A, Lidl, Dia e Jumbo. Segundo o CESP, os trabalhadores do setor têm vindo a empobrecer pois, atualmente, os salários de topo de carreira estão 26 euros acima do salário mínimo, quando em 2010 estavam 140 euros acima da retribuição mínima.

O CESP e os trabalhadores da distribuição reivindicam a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho e acusam a associação patronal do setor (APED) e as empresas suas filiadas de fazerem depender a negociação dos aumentos dos salários da aceitação do banco de horas pelos trabalhadores.

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Em Gaia, denuncia-se a “miserável” situação laboral

“No caso do distrito do Porto, emitimos pré-aviso para que os trabalhadores pudessem participar. Admitimos que a adesão à greve não seja muito significativa, mas também não o esperaríamos, porque os salários são tão baixos que os trabalhadores não podem abdicar das horas a 100% ao domingo. O que se pretende é mais uma ação de protesto e denúncia junto dos clientes”, disse à agência Lusa o dirigente do CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal Luís Figueiredo, que é também trabalhador do Continente.

A ação do distrito do Porto decorre junto ao hipermercado do Gaiashopping, em Vila Nova de Gaia, sendo que as restantes se registam num hipermercado da zona de Lisboa e noutro da área de Coimbra.

Os clientes do Continente do Gaiashopping estão a receber prospetos que os informam sobre as “miseráveis” condições de trabalho e salariais dos trabalhadores que diariamente os atendem “com sorrisos e simpatia”, indicou o sindicalista.

O texto acusa a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (ADEP), que é presidida pela Sonae/Continente, de bloquear a negociação do contrato coletivo de trabalho há quase três anos, querendo a redução do valor pago pelo trabalho suplementar e a aceitação do banco de horas (trabalho à borla) a troco de ‘aumentos’ salariais de 11 cêntimos ao dia”.

“Reivindicamos um aumento geral de salário num mínimo de 40 euros”, disse o dirigente sindical Luís Figueiredo, sublinhando que atualmente o vencimento de topo está 26 euros acima do Salário Mínimo Nacional “quando em 2010 estava 140 euros acima da retribuição mínima nacional”.

Os trabalhadores exigem ainda o encerramento das lojas aos domingos e feriados “de forma a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e de sua famílias”, disse o dirigente, sublinhando o apoio a essa causa dado recentemente pelo bispo do Porto, Manuel Linda. A agência Lusa tentou, sem êxito, até meio da manhã, um contacto com a Sonae/Continente.