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#Jánãodáparaabastecer? Afinal, na maioria ainda dá

Este artigo tem mais de 4 anos

Ninguém sabe, exatamente, quantos postos estão secos. Plataforma criada por voluntários está a ser usada como fonte de informação, mas uma pesquisa mostra que a maioria dos dados não são reais.

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VOST

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Quantos postos de combustível é que já não têm gasolina e gasóleo para vender aos clientes? Ninguém sabe ao certo, pelo que uma das fontes de informação mais utilizadas está a ser a plataforma digital elaborada pelos voluntários da VOST — a “JáNãoDáParaAbastecer” (já que a plataforma governamental, gerida pela Entidade Nacional para o Setor Energético, ou ENSE, só inclui os 374 postos prioritários e mostra vários dados como “em atualização”).

Segundo a plataforma da VOST, pelas 17h desta segunda-feira havia pouco mais de 500 postos onde não havia nenhum combustível para abastecer — nem gasolina nem gasóleo. Mas uma pesquisa rápida do Observador mostra que uma grande maioria destes dados não estão corretos ou, no mínimo, estão muito desatualizados. Os fundadores da plataforma lamentam que as principais empresas do setor não partilhem os dados (a Prio é uma exceção), e critica que uma entidade pública como a ENSE também “não faça uso das ferramentas que a sociedade civil colocou ao seu dispor”.

O Observador telefonou a 50 postos de combustível, de norte a sul do país, identificados pela plataforma da VOST como estando no “vermelho”, ou seja, sem gasolina nem gasóleo para vender aos clientes. Trata-se de uma amostra de quase 10% daqueles que são identificados como estando “no vermelho”. E, destes 50, só em 19 é que, de facto, não existe combustível para vender. Nos outros 31, existe pelo menos um dos combustível disponível ou, mesmo, estão à venda os dois mais utilizados em Portugal (em vários casos, há combustível com fartura).

Greve. Veja nos mapas onde pode abastecer — na rede de emergência e fora dela

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Esta é uma plataforma que, como é explicado no site, é gerida a partir de dados recebidos por supostos utilizadores das bombas. “Tratando-se de uma plataforma de crowdsourcing os dados são meramente indicativos e sofrem alterações constantemente”, diz a VOST, acrescentando que se fazem “todos os esforços para validar toda a informação que nos vai chegando“. Porém, isto não está a acontecer com pelo menos uma gasolineira contactada pelo Observador — a Repsol da Reta do Cabo em Vila Franca de Xira.

Esta loja ficou, confirmaram os responsáveis, sem combustível na sexta-feira, depois da “corrida” feita pelos consumidores na semana passada. Mas “veio um camião no sábado de manhã” e desde essa altura que há todos os combustíveis para venda, com fartura, embora este posto apareça com um ícone “vermelho” na plataforma. Mais: a responsável pela loja diz ter enviado um e-mail à plataforma a indicar essa situação e ainda não teve qualquer resposta (nem foi feita a retificação).

“Num mundo ideal, nós não tínhamos de existir”, dizem fundadores das plataformas

Jorge Gomes, fundador da VOST, sublinha ao Observador que, quando se fala em insuficiências dos dados, este é um “diálogo para o qual estamos completamente abertos”. “Quando fizemos a primeira plataforma, a primeira versão em abril, era mais caótica porque foi feita em cima da hora. Mas, desta vez, duas semanas antes de lançarmos isto enviámos um e-mail a todas as gasolineiras, para a ENSE, tweets ao Pedro Nuno Santos e ao João Galamba, a dizer que podem usar a plataforma aberta (API)”, explica Jorge Gomes.

“A única que está a usar é a Prio”, ou seja, no caso da Prio já está a ser feita uma comunicação direta e oficial para a plataforma da VOST e já não são necessários reportes de utilizadores sobre as bombas desta empresa. Mas “o ideal era ter a mesma coisa para todas”. “Temos cerca de 60 pessoas a ir ao terreno e a telefonar, mas não têm mãos”, explica Jorge Gomes.

O fundador da VOST explica que não basta uma pessoa reportar a falha de combustível — é preciso pelo menos cinco comunicações. Além disso, “temos tratado de dezenas de e-mails, enviados por donos de bombas, que permitem estabelecer uma comunicação direta com eles” — e, a partir daí, já não é necessário reportes por parte de utilizadores.

A crítica de Jorge Gomes, porém, é que a ENSE tem todos estes dados mas não os disponibiliza de forma aberta, “como devia fazer”. Ou seja, num mundo ideal, onde todas as empresas e a ENSE partilhavam os dados de forma abertas, “a nossa plataforma não tinha de existir”. Mas acaba por existir esta plataforma — e já teve 35 milhões de visitas nos últimos dias — porque os organismos oficiais não mostram a informação pública que as pessoas querem saber.

Quando temos uma entidade financiada pelos nossos impostos, tudo devia estar em dados abertos, esta é uma das nossas causas”, diz Jorge Gomes.

No domingo chegou a ser noticiado que já havia, finalmente, um mapa “oficial” de todos os postos de combustível em Portugal (mais precisamente 3.046 postos), indicando – em tempo real – a disponibilidade de gasóleo, gasolina ou GPL (Gás Petróleo Líquido) em cada um deles. As notícias seguiram-se a uma visita do primeiro-ministro às instalações da ENSE, na qual lhe teriam dito que era este o grau de acompanhamento da entidade à situação de emergência energética. Mas essa informação revelou-se exagerada. Uma rápida consulta à ENSE mostrou que a entidade tem mesmo os dados de 3.046 postos, mas não os disponibiliza publicamente.

Isto quando funciona. Nesta segunda-feira, no primeiro dia da greve dos motoristas, o site da ENSE com o mapa já foi abaixo pelo menos duas vezes.

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