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A música andava morna mas Zé Luís apareceu para dançar (a crónica do FC Porto-V. Setúbal)

Este artigo tem mais de 4 anos

O FC Porto acabou com a fase negativa ao golear o V. Setúbal em casa e Zé Luís foi a figura maior ao marcar três golos. O avançado cabo-verdiano chegou, dançou a música que ouviu e acelerou o ritmo.

O avançado cabo-verdiano jogou no Gil Vicente e no Sp. Braga antes de sair de Portugal em 2012
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O avançado cabo-verdiano jogou no Gil Vicente e no Sp. Braga antes de sair de Portugal em 2012

Getty Images

O avançado cabo-verdiano jogou no Gil Vicente e no Sp. Braga antes de sair de Portugal em 2012

Getty Images

Desde que Sérgio Conceição chegou ao FC Porto, os dragões viveram poucos períodos de crise. Mesmo com uma temporada desprovida de títulos, como foi a época passada, a verdade é o passado recente do FC Porto não teve espaços prolongados de resultados negativos, espaços prolongados de desaires ou espaços prolongados em que o futuro fosse uma incógnita. Os dragões perderam a final da Taça da Liga com o Sporting mas recuperaram; perderam com o Benfica no Dragão mas lutaram pelo título até à última jornada; e só caíram da Liga dos Campeões nos quartos de final, perante um Liverpool que acabaria por ser campeão europeu. O FC Porto de Sérgio Conceição, por estar montado e desenhado à imagem e semelhança do seu treinador, não passa muito tempo mergulhado em períodos de nuvens negras. Até ao início desta temporada.

Depois da derrota em Barcelos na primeira jornada do Campeonato, que deixou o FC Porto desde já com menos três pontos do que o rival Benfica, os dragões perderam em casa com os russos do Krasnodar e deram um trambolhão da Liga dos Campeões para a Liga Europa. No seguimento da eliminação europeia, os rumores de que Sérgio Conceição faria este sábado, com o V. Setúbal, o jogo decisivo que poderia ditar a sua manutenção ou não no comando técnico do clube, depressa se espalharam. E na conferência de imprensa, além de garantir que nunca será “um problema para o FC Porto” e que o clube será “o que o presidente quiser”, naquilo que parece uma piscadela à presença (ou à falta de) dos dragões no mercado de transferências, o treinador lembrou precisamente o período de crise pouco habitual que se vive atualmente no Dragão. “Aquilo que tem sido a intoxicação e o ambiente que têm criado ao FC Porto é inédito. Ando no futebol há muitos anos e isto foi incrível”, sentenciou Conceição.

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Ficha de jogo

FC Porto-V. Setúbal, 4-0

Segunda jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

FC Porto: Marchesín, Corona, Pepe, Marcano, Alex Telles, Romário Baró (Nakajima, 67′), Danilo, Uribe, Luis Díaz, Zé Luís (Fábio Silva, 78′), Marega (Soares, 72′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Manafá, Mbemba, Otávio

Treinador: Sérgio Conceição

V. Setúbal: Makaridze, Mano, Artur Jorge, Bruno Pires, Sílvio, Éber Bessa, Nuno Valente, Leandro Vilela (Carlinhos, 45′), Zequinha, Berto (Mansilla, 67′), Hachadi (Guedes, 78′)

Suplentes não utilizados: João Valido, André Sousa, Tiago Castro, João Meira

Treinador: Sandro

Golos: Zé Luís (11′, 20′ e 62′), Luis Díaz (64′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Artur Jorge (45+1′), Mano (78′)

Incrível ou não, a verdade é que o FC Porto entrava este sábado em campo totalmente pressionado. Depois das derrotas com o Gil Vicente e com o Krasnodar, o Benfica já havia vencido o Belenenses SAD no Jamor e um novo desaire podia significar o abrir de uma brecha que pode ser importante na hora de fazer as contas finais — e tudo isto quando falta apenas uma semana para o encontro entre as duas equipas. Contra o V. Setúbal, Sérgio Conceição voltou a mexer no onze e tirou Sérgio Oliveira (que até foi um dos melhores dos dragões com os russos), Saravia e ainda Nakajima para introduzir o jovem Romário Baró, o avançado Zé Luís e o reforço Uribe nas opções iniciais. Corona ocupava então a direita da lateral e o avançado cabo-verdiano fazia dupla com Marega no ataque, enquanto que Luis Díaz mantinha o lugar no corredor direito. Do outro lado, e depois de começar a Liga com um empate sem golos com o Tondela, Sandro fazia quatro alterações no onze: entravam Bruno Pires, Leandro Vilela, Nuno Valente e Berto, saíam Vasco Fernandes, Tiago Castro, Semedo e Carlinhos.

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Os dragões entraram melhor no jogo, à procura de um golo rápido que não só desse o mote para uma vitória importante como acalmasse desde logo a equipa e as bancadas — uma espécie de placebo necessário numa altura de crise. Depois de Alex Telles acertar com estrondo no poste na cobrança de um livre direto à entrada da área (8′), o FC Porto assentou arraiais junto à zona de ação do guarda-redes Makaridze e atacou sempre com coerência e qualidade, partindo normalmente de recuperações de bola e anulando por completo as tentativas de saída do V. Setúbal: esse foi, aliás, o principal ponto de viragem da equipa de Sérgio Conceição face às exibições contra o Gil Vicente e o Krasnodar. Ao contrário do que aconteceu nas duas últimas partidas, o FC Porto estava desta vez a operar em pressão alta, muito eficaz na reação à perda de bola e a colocar muitos homens na zona de ataque à construção sadina.

O golo acabou por surgir através de um remate de meia distância de Zé Luís, que atirou sem oposição e surpreendeu Makaridze (11′). Mesmo inaugurando o marcador pouco depois dos dez minutos iniciais, o FC Porto não permitiu uma quebra de rendimento e manteve o pé no acelerador, esvaziando todas as tentativas do V. Setúbal de sair do próprio meio-campo. Na equipa de Sandro, Hachadi estava permanentemente isolado na frente de ataque, muito porque Zequinha e Hildeberto, os dois homens mais próximos dos corredores que teriam a responsabilidade de servir e apoiar o avançado, estavam ocupados com tarefas ofensivas durante grande parte do tempo: na hora de atacar e conduzir a bola, tanto Zequinha e Hildeberto estavam demasiado recuados para construir de forma a chegar a Hachadi, que só ficou perto do golo quando aproveitou um erro de Danilo (17′).

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-V. Setúbal:]

O segundo golo do FC Porto apareceu de forma quase natural, já que os dragões estavam de forma assumida a tomar as rédeas dos destinos da partida. No seguimento de um livre, Pepe desviou de cabeça e Zé Luís, também de cabeça, apareceu nas costas da defesa sadina com uma espécie de mergulho de peixe que só parou no fundo das redes do V. Setúbal e resultou num golo de belo efeito (20′). O avançado cabo-verdiano, chamado ao onze titular por Sérgio Conceição, estava a corresponder e bisava na partida, algo que não fazia desde dezembro, quando ainda estava ao serviço do Spartak Moscovo. Depois do segundo golo e a partir da meia-hora, a equipa orientada por Sandro conseguiu soltar-se um pouco e chegou a beneficiar de um livre perigoso, que Éber Bessa atirou muito por cima da baliza de Marchesín (40′), mas os dragões controlaram as ocorrências até ao intervalo. No final da primeira parte, a exibição positiva do FC Porto era evidente principalmente nos registos individuais: além do bis de Zé Luís, Romário Baró estava muitos níveis acima daquilo que mostrou com o Krasnodar, Corona levava mais desarmes em 45 minutos do que Manafá em 90 em Barcelos e os dragões, que até aqui ainda não tinham marcado no primeiro tempo, levavam dois golos em 20 minutos.

Na segunda parte, Sandro tirou Vilela e lançou Carlinhos no meio-campo do V. Setúbal, numa tentativa de trocar o jogo longo e direto que os sadinos estavam a implementar pela construção pensada e a partir de trás que estava a faltar. A equipa teve mais bola e soube temporizar, procurar com calma o caminho que a poderia levar a um golo que desestabilizaria o FC Porto e abriria espaço ao empate, mas continuava a ter dificuldades em entrar com perigo na zona mais recuada dos dragões. Carlinhos, com um remate forte que Marchesín afastou, acabou por protagonizar o último fôlego do V. Setúbal antes de o FC Porto em pouco mais de dois minutos, resolver as contas de forma definitiva.

Na sequência de um canto batido na direita, Zé Luís subiu ao terceiro andar e foi mais forte do que Makaridze, aumentando a vantagem dos dragões e carimbando desde logo o hat-trick (62′). No lance seguinte, logo depois do recomeçar da partida, Marega conduziu muito bem a bola pela ala direita e cruzou atrasado para a entrada da pequena área, onde Luis Díaz, que até estava a ser o elemento mais discreto do FC Porto, apareceu a assinar o quarto golo do jogo (64′). Sandro reagiu com a entrada de Mansilla para o lugar de Heriberto, que nunca entrou propriamente nas dinâmicas da partida e Sérgio Conceição respondeu ao trocar Romário Baró — que voltou a mostrar que pode ser uma peça importante no setor intermédio da equipa quando apoiado por alguém como Uribe — por Nakajima.

A vantagem por quatro golos permitiu ao FC Porto desfrutar da partida, descer um pouco as linhas e recuar no terreno, aliviando ligeiramente a pressão alta que exerceu desde o apito inicial. O V. Setúbal, ainda que de forma tímida, foi aproveitando para subir e procurar Hachadi (e depois Guedes) a espaços, obrigando ainda Marchesín a uma dupla defesa que evitou o golo de Éber Bessa e recordou um momento semelhante em Barcelos (77′). Até ao final, Sérgio Conceição ainda ofereceu a ovação a Zé Luís, para lançar Fábio Silva, e trocou Marega por Soares — o avançado maliano, que tem sido amplamente criticado, não só assistiu Luis Díaz para o quarto golo como realizou uma exibição muito positiva, estando envolvido em sete situações de finalização até ao momento em que saiu e sendo um dos exemplos da melhoria global nos dragões.

O FC Porto deu um pontapé na crise e goleou na antecâmara da visita à Luz para defrontar o Benfica, numa altura em que os encarnados levam três pontos de vantagem face aos dragões. Apesar do destaque óbvio de Zé Luís, que marcou três golos pela segunda vez na carreira e mostrou que pode ser o mais importante dos reforços deste verão, a verdade é que o FC Porto apresentou uma exibição global e coletiva muito positiva, com ligações e um entrosamento que ainda não se tinha visto esta temporada. Uribe, ainda que mais discreto, é o equilíbrio necessário no meio-campo; Corona pode ser a solução para a direita da defesa; e Romário Baró cimentou a ideia de que é solução a longo prazo e não um penso rápido. Tudo somado e Sérgio Conceição superou a “intoxicação” de que tinha falado na antevisão da partida: e pelo meio pôs o Dragão a sorrir outra vez.

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