“O Último Amor de Casanova”

Um Casanova idoso, amargo e solitário, instalado no Castelo de Dux, na Boémia, recorda a uma jovem aristocrata que o visita, em “O Último Amor de Casanova”, de Benoît Jacquot, a sua aventura com Marianne de Charpillon (Stacy Martin) a cortesã que, algumas décadas antes, em Londres, resistiu aos seus avanços e o manipulou como se fosse um rapaz imberbe e ingénuo. À imagem convencional do Casanova libertino, aventureiro, sedutor irresistível e sem laços duradouros com nenhuma mulher, Jacquot contrapõe aqui a do Casanova seduzido, obcecado por uma só mulher e sucessivamente frustrado por esta nos seus avanços amorosos, ao ponto de se tentar suicidar. Esta história intimista, extraída das memórias de Casanova, é esplendidamente encenada e fotografada, mas comprometida por um excesso de secura emocional, um défice de sensualidade e sobretudo pelo monótono canastrão que é Vincent Lindon no papel de Casanova.

“Tudo Bons Meninos”

Por trás de “Tudo Bons Meninos” estão várias das pessoas ligadas a “Super Baldas” (2007), entre atores, argumentistas e produtores. Pelo que não é de admirar que a fita de Gene Stupnitsky seja uma versão daquela, agora não com adolescentes finalistas do liceu em busca de uma bebedeira e da primeira experiência sexual, mas com miúdos de 11 e 12 anos. Toda a comédia de “Tudo Bons Meninos” é baseada na inocência dos três pequenos protagonistas em relação a tudo que seja relações sentimentais e sexuais, desde um simples beijo à pornografia e aos brinquedos íntimos, e a história alterna situações e piadas inócuas com outras grosseiras, fazendo do filme uma desconfortável mistura do inofensivo e do repugnante.

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“Variações”

Nesta fita biográfica sobre António Variações, o realizador João Maia, que se estreia aqui a filmar, recorda os anos (entre 1977 e 1981) em que o cantor e compositor, depois de regressar a Lisboa, vindo de Amesterdão, era uma figura excêntrica e vistosa das ruas e da noite de Lisboa e um barbeiro anónimo que se esforçava para se dar a conhecer e vingar num mercado musical pequeno, pouco recetivo à mudança, e à inovação radical que ele representava, como pessoa e artista. Grande parte do filme é assim gasto a mostrar Variações (interpretado por Sérgio Praia) a gravar e distribuir cassetes, a tentar furar junto de editoras e a dar-se a conhecer a músicos e bandas. “Variações” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.