aqui lhe falámos na guerra entre a Porsche e a Tesla, que não fazia muito sentido de início, em termos práticos, até que o fabricante alemão a decidiu utilizar com benefícios comerciais, procurando colocar o Taycan como o melhor eléctrico do mundo, no que respeita à rapidez e comportamento.

A Tesla, até aqui líder incontestada dos veículos eléctricos, mas sem um historial desportivo ao nível da Porsche (construiu o primeiro carro em 2012 e nunca participou em qualquer competição), aproveitou a ofensiva do seu rival e transformou-a numa oportunidade para provar que tecnologicamente continua a liderar este tipo de veículos. Já que o mercado quer berlinas desportivas eléctricas, a marca de Elon Musk quer provar que é capaz de, pelo menos por agora, bater qualquer outro fabricante. E, já agora produzir versões mais “apimentadas”, isto é, potentes, eficazes e necessariamente mais caras, para os condutores que, até nos eléctricos, exigem os modelos que andam mais, travam mais tarde e curvam melhor.

A Porsche visitou Nürburgring com o Taycan para um teste privado, sem qualquer tipo de controlo sobre o carro utilizado ou os pneus que tinha montados, o que o impede de se tornar num recorde oficial, tendo anunciado um tempo de 7 minutos e 42 segundos. Segundo os alemães, seria um recorde entre os veículos eléctricos com quatro portas. O recorde fez maravilhas à imagem do construtor que, com o seu primeiro eléctrico, manteria o nível dos seus desportivos, SUV e berlinas a gasolina.

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Taycan bate recorde no Nürburgring. Que recorde?

Mas ainda os foguetes estavam no ar, eis que Elon Musk anunciou que também a Tesla iria a Nürburgring com o Model S. Mais precisamente com uma nova versão que estava a desenvolver para introduzir em 2020, com três motores, vias mais largas e asa traseira, denominada Model S Plaid. Poucos acreditavam que seria possível bater os 7.42 do Taycan, especialmente dentro da Porsche, mas a Auto Motor und Sport (AMS), uma publicação germânica, cronometrou 7.23 (à mão, como sempre se fez na competição, mesmo na F1, durante dezenas de anos), o que terá sido um balde de água fria para os lados da Porsche.

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O pior viria a seguir. Questionada sobre a veracidade dos 7.23 imputados ao Model S Plaid, a Tesla, que está proibida de revelar o tempo conseguido, pois foi realizado sem a presença dos fiscais e com a pista aberta ao público, limitou-se a dizer que “7.20 (menos 3 segundos do que o registado pela imprensa alemã) é compatível com o registado por nós”, confirmando pois a cronometragem da AMS.

Em relação a esta diferença de quase 20 segundos, a Porsche alegou que o tempo por eles conseguido para efeitos do recorde foi obtido com o Taycan Turbo e não o Turbo S, que usufrui de mais 81 cv, mas apenas durante 2,5 segundos, graças à função overboost.

Para acabar de vez com todas as dúvidas, a Tesla fez saber que não está na pista alemã para fazer tempos, mas sim para testar um chassi mais desportivo, uma nova aerodinâmica e uma motorização Plaid, com três motores (dois atrás e um à frente). Informou ainda que regressa aos EUA para voltar dentro de um mês, para mais ensaios já com novas soluções, visando corrigir os erros e as deficiências detectados, ocasião em que espera rodar em 7.05.

Isto colocará – a confirmar-se o tempo por volta – a diferença entre o Model S e o Taycan em 37 segundos, diferença impossível de recuperar mesmo com a versão Turbo S. Mais grave ainda por a Tesla ainda ter pela frente uma série de meses de evolução até o Model S Plaid ser finalmente comercializado, sendo normal esperar que continue a evoluir até lá. Só então o construtor solicitará um teste oficial para determinação de um tempo por volta e, como tudo indica, um recorde…