O alerta é da Deco: estão a ser vendidos empréstimos à habitação que entraram em incumprimento há poucos meses, deixando as famílias em situações complicadas. A notícia é avançada pelo Público que escreve que os bancos têm vindo a vender carteiras de crédito malparado, onde se incluem empréstimos para compra de casa. O que acontece é que os fundos de investimento ou outras entidades privadas recorrem a meios mais agressivos para recuperar o dinheiro em falta.

“É uma situação nova e dramática para muitas famílias”, defende Natália Nunes, diretora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, que conta que “todos os dias chegam pedidos de ajuda de consumidores que são surpreendidos por contactos das novas entidades para que paguem as dívidas”. Nestas situações, as alternativas propostas são menos diversificadas do que as que podem ser negociadas com os bancos.

Nos primeiros seis meses do ano, a Deco dá conta de que recebeu 17 mil pedidos de ajuda por dificuldades em continuar a pagar os empréstimos ou relativos a créditos que estavam já em incumprimento. Destes, 64% ainda estavam em situação regular e os restantes 36% em incumprimento. Nesta última categoria, 3% eram créditos cedidos a entidades fora do sistema bancário.

“A cedência de crédito em incumprimento está a aumentar desde 2017 e o crédito à habitação tem vindo a ser um dos mais cedidos”, sublinha Natália Nunes, referindo que alguns destes contratos de crédito “entraram em incumprimento há poucos meses”.

Em 2018, os maiores bancos portugueses venderam 5,7 mil milhões de euros em créditos problemáticos. Os primeiros a recorrer a esta prática foram BPI e BCP, a que se seguiram CGD (recapitalizada em cinco mil milhões de euros) e o Novo Banco (cujos novos donos beneficiaram da cobertura do Fundo de Resolução), cujas carteiras de crédito malparado são das mais elevadas do sistema.  Há mais instituições bancárias a fazê-lo, mas sem grande impacto no mercado.

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