O Estado aprovou a entrada de capital na CP no valor de 518,6 milhões de euros. A operação, comunicada esta segunda-feira pela empresa à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, é o maior aumento de capital dos últimos anos na empresa ferroviária.

Segundo o comunicado da CP, objetivo é a cobertura de resultados transitados negativos. No entanto, fonte da empresa ferroviária esclareceu ao Observador que esta injeção tem já um destino definido, o reembolso de uma emissão obrigacionista da CP que vence em outubro e que tinha um aval do Estado. Esta operação foi feita em 2009, no Governo de José Sócrates, antes do resgate financeiro a Portugal, e foi colocada junto de investidores institucionais privados. No caso desta emissão obrigacionista, a empresa contratou também um swap para cobertura do risco de taxa de juro que acabou por ser reestruturado por decisão do anterior Governo.

Com o resgate financeiro, os bancos privados e internacionais deixaram de estar disponíveis para financiar em grande escala as empresas públicas deficitárias que passaram a financiar-se diretamente junto do Estado. E as injeções de capital feitas nos últimos anos têm tido como o principal uso o pagamento de encargos financeiros da CP cuja exploração não gera os recursos necessários para cumprir.

Apesar do objetivo fundamental desta injeção de capital ser pagar um empréstimo a privados, a operação vai também ter um impacto positivo na situação financeira e contabilística da CP, ainda que o valor fique muito aquém do que seria necessário para retirar a empresa da situação de falência técnica em que se encontra há muitos anos.

No final de 2018, a operadora ferroviária tinha capitais próprios negativos de mais de 2,7 mil milhões de euros que resultaram da acumulação de prejuízos de muitos anos. Os resultados transitados negativos consolidados ultrapassavam os seis mil milhões de euros. Em 2018, os prejuízos foram superiores a cem milhões de euros.

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