Não, não é D. Sebastião a regressar numa madrugada de nevoeiro. O som de uma buzina que tem invadido a cidade de Lisboa nas últimas noites vem, isso sim, de um navio de carga ancorado no rio Tejo — o “Western Miami”, de bandeira filipina, que está parado no Mar da Palha para abastecer. O som serve para avisar as outras embarcações de que há um navio ancorado mas que, por causa do nevoeiro, pode não ser visto. E este som pode prolongar-se até ao fim da semana, disse a capitania do Porto de Lisboa ao Diário de Notícias.

Os lisboetas têm sido acordados pela buzina desde 28 de dezembro, dia em que o navio chegou a Lisboa vindo de Gijón, em Espanha. As queixas têm invadido as redes sociais, mas “Western Miami” está apenas a cumprir a regra número 35 do Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, que se refere aos “sinais sonoros em condições de visibilidade reduzida”.

Neste caso, aplica-se a alínea F desse regulamento, que diz que “um navio fundeado deve tocar o sino em cadência rápida durante cerca de cinco segundos, a intervalos não superiores a um minuto”. A regra acrescenta ainda que “um navio fundeado pode, além disso, emitir três sons consecutivos, sendo um som curto seguido de um som prolongado e de um som curto, para assinalar a um navio que se aproxima a sua posição e a possibilidade de abalroamento”.

Este tipo de avisos sonoros não são comuns porque muitos dos barcos de grande porte, como é o caso do “Western Miami”, já têm sistemas mais sofisticados para detetar a presença de outros embarcações. Mas os barcos mais pequenos podem não estar equipados com esses sistemas de localização. Como o “Western Miami” está fundeado numa zona de trânsito, onde passam os barcos da Transtejo, o capitão deste navio tem emitido estes sinais sonoros por precaução.

São essas as buzinas que os lisboetas têm ouvido — e que, segundo a Capitania do Porto de Lisboa, pode prolongar-se até ao final da semana caso o barco permaneça por cá e o nevoeiro matinal não dê tréguas. Depois disso, e se cumprir a rota prevista para ele na página “Marine Traffic”, deve seguir para Brownsville, nos Estados Unidos, onde deve chegar a 20 de janeiro.

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