Cinco distritos do norte da província moçambicana de Cabo Delgado estão sem eletricidade há três dias devido à queda de uma torre de alta tensão, após a subida do nível da água no rio Messalo, disse esta segunda-feira fonte oficial.
“A torre caiu por volta das 20h40 (menos duas horas em Lisboa). O leito do rio Messalo alargou-se, criou erosão e corroeu toda a base da torre”, disse o delegado da Eletricidade de Moçambique (EDM) em Pemba, Gildo Marques, em declarações à agência Lusa.
No total, 15.200 clientes foram afetados nos distritos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Palma e Mocímboa da Praia, na sequência do mau tempo que se regista na região. Os distritos em causa são parte dos nove da província de Cabo Delgado que permanecem isolados há duas semanas na sequência do desabamento de uma ponte sobre o rio Montepuez, na Estrada Nacional 380, a principal estrada no norte da região.
A reposição da corrente elétrica nos cinco distritos afetados será feita dentro de dez dias devido a dificuldades de acesso à região, mas enquanto isso a EDM vai implementar “soluções alternativas”, entre as quais montagem de pórticos de madeira suficientemente altos para receber cabos elétricos, avançou o delegado da EDM em Pemba.
A província de Cabo Delgado está a ser abalada pelo mau tempo desde finais de dezembro, tendo sido afetadas cerca de 10 mil pessoas, além da destruição de várias infraestruturas, com destaque para o desabamento da ponte sobre o rio Montepuez.
Moçambique emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de acelerar a mobilização de recursos para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em abril. Em abril, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil.
Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.
Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.