O Santander Portugal fechou o ano de 2019 com lucros de 527,3 milhões de euros, um aumento de 5,5% em relação aos resultados do ano anterior. É o melhor resultado de sempre gerado pelo banco em Portugal, indica a instituição em comunicado de imprensa. O presidente-executivo do banco garante que o Santander não está interessado em adquirir mais bancos no país.
A informação foi avançada esta quinta-feira pelo banco, que apresenta os resultados em conferência de imprensa na sede do banco em Lisboa. “Os resultados são fortes — foi um bom ano — que levaram a que na apresentação dos resultados em Espanha se tenha destacado o desempenho de Portugal entre as várias geografias onde está o Santander, o que é sempre bom ouvir”, comentou Pedro Castro e Almeida, presidente-executivo do banco.
O banco registou uma descida ligeira (1,2%) da margem financeira mas esta, ainda assim, superou os 855 milhões de euros — a margem financeira, em termos simples, é a diferença entre aquilo que o banco cobra em juros e aquilo que paga pelo seu financiamento (incluindo depósitos). Além disso, o banco cobrou 380,5 milhões em comissões, um aumento de 4,8% face ao ano anterior, e registou 95,2 milhões em resultados com operações financeiras (o que inclui venda de carteiras de títulos de dívida), uma rubrica que no ano anterior tinha tido um desempenho negativo.
Ponderadas estas três rubricas, o produto bancário aumentou 7% para 1.344,5 milhões de euros.
Por outro lado, os custos operacionais baixaram 2,9% no ano passado, para 604,4 milhões de euros, e não houve necessidade de registar provisões significativas, o que também ajudou o resultado líquido.
“Não estamos interessados na aquisição de mais nenhum banco em Portugal”
Questionado sobre a possibilidade de o Santander poder estar interessado na compra da participação de Isabel dos Santos no EuroBic, Pedro Castro e Almeida descartou essa possibilidade — não só relativamente ao EuroBic mas, também, em relação a outros bancos do sistema financeiro português.
Não querendo dar a resposta tradicional de dizer que o banco está sempre atento ao mercado, Pedro Castro e Almeida foi perentório: “não, não estamos a olhar e não estamos interessados”. Acrescentou, depois, que o banco não foi convidado ou desafiado a fazer uma proposta. Mas reconheceu que este é um caso que, “sem dúvida, não ajuda” à reputação da banca, citando o famoso investidor Warren Buffet que dizia que “a reputação demora 20 anos a ser conseguida e cinco minutos a desaparecer”.
“O Santander tem uma quota de mercado de 20%. Não nos parece, com uma quota relevante que já temos — em Portugal e Europa — que o grupo queira continuar a investir na Europa. O nosso crescimento aqui é de crescimento orgânico”, afirmou Pedro Castro e Almeida, sublinhando: “não estamos interessados na aquisição de mais nenhum banco em Portugal“. O banco comprou as operações do Banif e do Banco Popular, nos últimos anos.
Também não está interessado no Montepio, já que chegou a ser noticiado que havia pessoas do Santander a analisar carteiras de ativos do Montepio, com vista a uma eventual compra. Do Santander Portugal “não está lá ninguém, não temos lá ninguém — nem da área tecnológica — nem a olhar para as carteiras de crédito”, garante Pedro Castro e Almeida.
O presidente do banco também se mostrou confiante de que, no âmbito do recurso que o Santander apresentou, o banco irá conseguir provar em tribunal que não deve pagar a coima de que foi alvo (14 bancos, no total) no âmbito do processo de “troca de informações” que levou a uma multa por parte da Autoridade da Concorrência — Pedro Castro e Almeida recusa que se possa chamar a isto um processo de “cartel da banca”, porque a acusação não usa essa expressão. “O cartel da banca, provavelmente, foi uma coisa que foi inventada. Nunca vi na acusação o termo ‘cartel da banca’”, afirmou.
A AdC indica que “os bancos participantes na prática concertada trocaram informação sensível referente à oferta de produtos de crédito na banca de retalho, designadamente crédito habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas”.