O ‘designer’ português Felipe Oliveira Baptista estreou-se esta quarta-feira nas passarelas parisienses à frente da marca Kenzo e definiu as tendências para o próximo outono/inverno inspirando-se na série “Tigres” de Júlio Pomar.

Anunciado como diretor artístico da Kenzo em julho do ano passado, esta foi para Felipe Oliveira Baptista a primeira Semana da Moda de Paris à frente da marca francesa criada em 1970 pelo designer japonês Kenzo Takada. Na sua estreia, Oliveira Baptista lembrou o percurso do fundador, mas também o seu próprio.

“Duas personalidades misturam-se e os seus pontos em comum dão origem a um guarda-roupa convergente. Unidos na cultura, o diálogo acontece em Paris, a capital-fantasia da moda”, pode ler-se no comunicado de imprensa distribuído a quem esteve presente no desfile desta quarta-feira.

Assim, o ‘designer’ português usou as suas origens como “as memórias de verão passadas no Açores”, mas também uma fotografia da lua-de-mel dos seus pais em Moçambique para criar esta coleção.

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No entanto, a inspiração que dominou a visão de Felipe Oliveira Baptista foi a série “Tigres” realizada por Júlio Pomar nos anos 1980.

O tigre é um emblema recorrente da casa de costura Kenzo e o ‘designer’ português não quis abandonar a temática, dando-lhe outra perspetiva. Na publicação distribuída durante o desfile de moda, constam os desenhos de Júlio Pomar cedidos pela sua fundação.

Nas roupas, muitos modelos tanto femininos como masculinos mostraram vestidos, camisolas e camisas com os tigres de Júlio Pomar impressos nos mais diversos tecidos, na sua maioria mais pesados por se tratar de uma coleção outono/inverno. “Estes são vestidos-pintura, tirados do trabalho do pintor neorrealista Júlio Pomar. Um pintor lisboeta, que viveu em Paris durante muito tempo e é considerado como uma das grandes figuras da arte portuguesa do século XX”, pode ainda ler-se no comunicado.

O ‘designer’ português, que esteve até 2019 à frente da marca francesa Lacoste, usou o verde tropa, o cinzento, o creme, o azul e o vermelho para gabardines, capas, sobretudos e malhas que vão estar presentes nos guarda-roupas no próximo outono e inverno.

Oliveira Baptista apostou ainda nos acessórios como chapéus e malas – desenhadas especialmente para transportar garrafas reutilizáveis de água.

O desfile do português acabou em triunfo, com uma ovação de pé pelos presentes no Instituto Nacional de Jovens Surdos, onde decorreu o evento.