Uma freira portuguesa que integra uma congregação na Síria lançou esta quarta-feira um alerta para a situação “catastrófica” no Líbano, onde os cristãos “não têm ninguém que os ajude”.

Numa mensagem divulgada pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), a religiosa Maria Lúcia Ferreira, que vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na vila de Qara, na Síria, perto da fronteira com o Líbano, diz que a situação neste país está a agravar-se, afetando “profundamente a comunidade cristã”.

A situação na Síria não é boa, mas no Líbano, neste momento, parece bastante, bastante mais catastrófica”, afirmou a freira, conhecida Irmã Myri.

Segundo a religiosa, citada pela Fundação AIS, “os bancos [no Líbano] estão a limitar os levantamentos de dinheiro e as pessoas fazem filas, mas o que se passa é que desde há uma ou duas semanas deixaram de permitir qualquer levantamento. Isto quer dizer que as pessoas que tinham todas as suas economias nos bancos acabaram sem nada“.

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Na mensagem, a freira portuguesa alerta “o país está na bancarrota total” e que, “se as coisas continuam assim, [cerca de] 40 mil famílias cristãs vão emigrar para fora do país para poderem ter que comer”.

A Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia está já a lançar projetos de apoio às famílias cristãs libanesas, nomeadamente na área da agricultura, para não deixarem o país.

De acordo com a Irmã Myri, “se cristãos saírem do Líbano, já ninguém pode levantar a cabeça no Médio Oriente, os cristãos já não terão voz no Médio Oriente”.

Segundo uma nota hoje divulgada pela Fundação AIS, a crise económica estáa deixar o Líbano “numa situação extremamente delicada, com o empobrecimento acentuado das famílias e a revolta da população”.

“A depreciação da moeda libanesa chegou a um ponto insustentável e os bancos estão a limitar fortemente as transações, o que está a condicionar ainda mais a própria economia com empresas na falência, o comércio a fechar portas e o desemprego a subir de forma imparável”, acrescenta o documento.