A Comissão Política Distrital do PSD do Porto exige a “demissão imediata” do Presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues. Em comunicado, o partido faz duras críticas ao também presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. “Em toda a sua história, nunca o Conselho Metropolitano do Porto teve, como agora, um Presidente que envergonha o passado de prestígio e de reconhecimento de todos aqueles que sempre defenderam a coesão metropolitana e lutaram por projetos comuns e aglutinadores”, começa por ler-se no comunicado assinado por Alberto Machado, presidente da distrital do PSD no Porto.

Contacto pelo Observador, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues fala em “espírito de Carnaval”. “Só posso acreditar que o espírito de Carnaval se prolongou por mais um dia para o PSD/Porto”. 

O PSD refere que a “gota de água” foi a assinatura “apressada e improvisada”, na passada sexta-feira, em Gondomar, do protocolo “inútil” para o estudo de expansão da rede de metro do Porto. O projeto prevê o desenvolvimento de sete linhas e vai ter um investimento de cerca de 860 milhões de euros.

Para os sociais democratas, este é um processo que se arrasta há demasiado tempo e que demonstra que Eduardo Vítor Rodrigues “não tem visão e não revela capacidade de liderança para gerir os interesses da Área Metropolitana do Porto (AMP), nem para reivindicar o necessário investimento”. A prová-lo, dizem, está a ausência de 9 dos 17 Presidentes de Câmara da AMP na cerimónia de assinatura.

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No mesmo comunicado, o partido laranja refere a “incompetência, a opacidade e a inépcia reveladas na gestão deste processo (…) congeminado por um par de autarcas e pela Metro do Porto, sob orientação do Ministério do Ambiente”, considerando que esta “só mais uma demonstração da falta de empenhamento e interesse que se vem somar a um vastíssimo conjunto de situações obscuras e pouco transparentes, que têm gerado mal-estar entre a maioria dos municípios da AMP”.

“E se analisarmos os contornos dos vários projetos e resoluções que têm sido decididos na AMP, ficamos ainda mais preocupados, desde logo, quando percebemos que o Eng.º Tiago Braga, nomeado Presidente do Conselho de Administração na Metro do Porto, em 2019, já ocupou inúmeros cargos de confiança política de Eduardo Vítor Rodrigues. Apenas coincidência? Malogradamente, é neste pântano de influências, que a AMP vive atualmente.”

Se por um lado garantem que existem temas metropolitanos que não são discutidos há meses, por outro lado adiantam que muitas decisões são “repetidamente tomadas num secretismo incompreensível”, sem conhecimento dos membros do Conselho Metropolitano e nem o Governo escapa ao rol de críticas.

“A AMP é hoje, infelizmente, gerida a partir de Lisboa, comandada por dois ou três Presidentes de Câmara, da mesma cor política do Governo, que a troco de meia dúzia de obras, têm vendido a alma do Norte. Entendemos, por isso, que é urgente que o Sr. Dr. Eduardo Vítor Rodrigues se demita das funções que não soube honrar, como Presidente do Conselho Metropolitano, já que não reúne, há muito, a confiança institucional dos seus pares e não mostra, nem força política, nem capacidade negocial.”

A distrital do PSD do Porto diz ainda que não esperava que o líder da AMP “embarcasse em devaneios teatrais de assinaturas de protocolos para estudos, que de nada servem”, defendendo que o que é realmente necessário é “a concretização dos projetos já existentes e de obra executada, bem como de uma voz forte que represente verdadeiramente a AMP”. “A passividade do atual Presidente do Conselho Metropolitano do Porto, face a este recidivo desrespeito, é particularmente grave, tanto mais que, em causa está a coesão regional e o desenvolvimento integral do grande Porto”, lê-se no documento.

Além das sete linhas prioritárias –Campo Alegre, São Mamede, Circular (Casa da Música – Polo Universitário de Asprela) Gaia, Trofa, Maia e Gondomar – , que segundo o PSD/Porto “apenas precisam de decisão política”, o partido recorda ainda que à espera de aprovação estão também as populações de Vila do Conde, da Póvoa de Varzim e de Valongo, e questionam “e porque não contemplar a integração, num planeamento a médio prazo, desta rede metropolitana de transportes, dos municípios de Paredes e de Santo Tirso ou de outros municípios do distrito de Aveiro, mas integrantes da AMP?”.

“As expectativas de todos são totalmente legítimas quando o Governo anuncia investimentos avultados, mas que infelizmente ou são geridos com base em interesses partidários de bastidores, ou não passam de promessas efémeras reduzidas a estudos e mais estudos, que nunca saem do papel”, acusam.