Deborah Birx é a responsável por coordenar a resposta da Casa Branca ao surto de Covid-19 que atinge os norte-americanos. É presença assídua nas conferências de imprensa de Trump e deu, esta segunda-feira, uma entrevista onde se mostrou “muito preocupada com cada cidade dos Estados Unidos”, no contexto da evolução da doença no país. Atualmente, são já mais de 160 mil os casos positivos, enquanto o número de óbitos pelo novo coronavírus se aproxima dos 3.000.

“Acho que toda a gente compreende que, neste momento, podemos ir dos cinco aos 50, daí aos 500 e daí aos 5.000 casos muito rapidamente”, afirmou Birx durante a entrevista dada esta segunda-feira ao programa Today, da NBC News. Médica de formação, Deborah Birx teve uma carreira militar. Em janeiro de 2014, foi nomeada por Barak Obama para liderar um projeto de âmbito nacional de prevenção e combate ao HIV. Em março deste ano, Donald Trump escolheu-a para coordenar a resposta da Casa Branca ao novo vírus.

Depois de o modelo matemático usado pelo governo ter apontado para um número de mortes entre os 100 mil e os 200 mil, Birx referiu-se às projeções como o melhor cenário possível. O quadro pintado pela especialista foi, na verdade, bastante mais sombrio. Birx chegou a falar 2 milhões de vítimas mortais, num contexto em que não existam quaisquer medidas preventivas e de segurança.

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“Penso nalgumas áreas metropolitanas onde nos atrasámos a pedir às pessoas que sigam as diretrizes dos 15 dias”, reiterou. Caso não sejam tomadas medidas para conter o surto, a especialista admite que projeções como as de Anthony Fauci — que estima que o vírus mate entre 1,6 e 2,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos — podem vir a verificar-se. Para que o número de vítima mortais não vá além das 200 mil, Birx diz que só gerindo a situação de forma “quase perfeita”.

No mesmo dia, na CNN, Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, reiterou os números assombrosos que tinha previsto antes. “Não é o que quero e gostava muito de evitá-lo, mas ficaria surpreso se me depara-se só com 100 mil mortes”, reafirmou.

Deborah Birx durante o briefing de Donald Trump na última sexta-feira © Drew Angerer/Getty Images

Já a entrevista de Deborah Birx aconteceu um dia depois de Donald Trump ter recuado no excesso de otimismo (que o fez pensar que o país estaria de regresso à normalidade no domingo de Páscoa). As medidas de distanciamento social foram prolongadas até 30 de abril.

O último domingo foi ainda o dia em que os governadores do Michigan e do Louisiana alertaram para a escassez de equipamentos para fazer face ao surto e para a rapidez com que os hospitais atingiriam a capacidade máxima de resposta a doentes com Covid-19. Em ambos os casos, e segundo os mesmos governados, as estruturas podem começar a falhar ainda esta semana.