Uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times, que analisa a resposta de Espanha ao surto da Covid-19, faz comparações com o caso português e deixa elogios à forma como o Governo de António Costa lidou com a pandemia. O jornal diz mesmo que Portugal “saiu-se muito melhor” do que a Espanha e um médico ouvido pelo autor do texto afirma que o nosso país “merece admiração”.

Intitulado “A crise de coronavírus em Espanha acelerou à medida que os alertas foram sendo ignorados”, o artigo critica a forma como, numa fase inicial, as autoridades de saúde espanholas encararam o vírus como uma “ameaça externa em vez de considerar que o seu país poderia ser próxima peça do dominó a cair“. Espanha é o segundo país do mundo com mais casos: tem quase 150 mil infetados e mais 14 mil mortos.

O autor considera mesmo que a crise pandémica espanhola representa “a tendência de um governo atrás do outro ignorar as experiências de outros países onde o surto já tinha entrado”.

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“Sem dúvida”, o autor Raphael Minder, que é correspondente do jornal norte-americano em Espanha e Portugal, reconhece que a “resposta do governo ao vírus foi dificultada pela natureza difusa do sistema político de Espanha, onde as 17 regiões do país ganharam progressivamente mais autonomia, incluindo na administração de hospitais”.

No entanto, o The New York Times reconhece as dificuldades do primeiro-ministro Pedro Sánchez, nomeadamente o facto de o PSOE e o Unidos Podemos, parceiros da coligação governamental, terem-se manifestado divididos em plena crise e passados apenas dois meses após a investidura. Apesar de os dois países terem um governo socialista minoritário, o autor considera que o primeiro-ministro de Portugal foi apoiado pela oposição.

O principal vizinho de Espanha saiu-se muito melhor até agora“, lê-se no artigo.

Ouvido pelo jornal The New York Times, Fernando Rodríguez Artalejo, epidemiologista e professor universitário, diz que apesar de António Costa alertar para a possibilidade de o cenário piorar, “Portugal merece admiração”. “Acho que eles agiram de forma eficiente e ao mesmo tempo que nós, mas numa altura em que a epidemia não era tão generalizada”, disse ainda Fernando Rodríguez Artalejo.

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