Parece que foi ontem mas já leva um mês. Áustria e Dinamarca foram os dois primeiros países europeus que, ainda em abril, perante um cenário interno de pandemia controlada e com o R na casa dos 0.7, começaram a sair daquele estado de paralisação geral em que todos estavam para o desconfinamento. No caso dos escandinavos, um dos pontos de maior interesse foi o regresso à escola, nas crianças até ao quinto ano e contando com creches, jardins de infância e escolas primárias. Houve resistência interna mas hoje continua a ser um modelo para outros.

Dinamarca é o primeiro país europeu a reabrir escolas (mas com algumas exceções)

Apesar das críticas dos pais, que consideravam então a medida desajustada e a colocar os filhos menores como uma espécie de cobaia para aquilo que se via como tentativa e erro no regresso à normalidade possível – houve mesmo um grupo no Facebook com o nome “O meu filho não vai ser uma cobaia da Covid-19” –, essa medida avançou. E se a meio de abril foi apenas para metade dos municípios, isso deveu-se apenas ao pedido de muitas escolas para terem mais uma semana para readaptarem as instalações às normas criadas. Esta semana, será a vez dos alunos do ensino básico e secundário regressarem também, com muitos olhos europeus apontados para o resultado.

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As escolas voltaram na Dinamarca e não se viu nenhum impacto negativo como resultado dessa reabertura. Isso reconfirmou que essa abordagem é a certa”, referiu esta semana o secretário de Estado da Educação do Reino Unido, Gavin Williamson.

Como explica um trabalho do The Guardian, houve uma ligeira subida do nível de transmissibilidade do vírus(o tal R) de 0.7 para 0.9 nas duas primeiras semanas depois do regresso das crianças até aos 11 anos, um ligeiro aumento que foi de seguida contrariado e que colocou o país a registar valores há muito desejados: na sexta-feira, não houve registo de qualquer vítima por Covid-19 e só 137 pessoas estavam a receber tratamento hospitalar.

Como alguns países europeus estão (com muitos cuidados) a tentar reabrir as portas

Mas o que diferenciou a Dinamarca neste regresso (e está a inspirar o Reino Unido)? Três grandes pontos: dividir as suas turmas ao meio por forma a respeitar a distância dos dois metros, implementar um rigoroso sistema de higienização das mãos e promover o maior número de aulas feitas no exterior. “Tivemos muito poucos casos de professores que ficaram infetados”, destacou Dorte Lange, vice da União de Professores da Dinamarca, acrescentando ainda a confiança que tem de existir com as autoridades de saúde: “Não somos cientistas, não somos professores de epidemiologia, não sabemos nada disso. Por isso, acreditamos e seguimos o que nos dizem”.

Áustria e Dinamarca preparam regresso à normalidade. Por onde se recomeça?

“Conseguimos agora perceber de forma mais clara que os grupos mais pequenos trazem não só um maior grau de bem-estar às equipas mas também dá aos professores a possibilidade de terem maior contacto com os alunos. Estamos agora a analisar se podemos continuar assim e até diminuir um pouco os dias na escola, com menos aulas mas maior grau de contacto com os alunos”, disse Dorte Lange sobre o regresso do básico e do secundário.