A procuradora-geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, disse esta quinta-feira que o processo do desaparecimento do jornalista Ibrahimo Mbaruco em Cabo Delgado encontra-se em instrução preparatória e a cargo da procuradoria daquela província no norte do país.

“O processo encontra-se em instrução preparatória e é dirigido pela procuradoria provincial da República em Cabo Delgado”, afirmou Beatriz Buchili, falando hoje na Assembleia da República, em Maputo.

A procuradora-geral abordou o caso em resposta a perguntas dos deputados da oposição na Assembleia da República sobre o tratamento que a justiça está a dar ao desaparecimento de Ibrahimo Mbaruco, cujo paradeiro é desconhecido desde 07 de abril.

Beatriz Buchili avançou que a família do jornalista apresentou uma denúncia do desaparecimento às autoridades judiciais, tendo sido aberto um processo com o número 584/2020.

A procuradora-geral adiantou que as autoridades tomaram conhecimento do desaparecimento do jornalista através dos órgãos de comunicação social.

Ibraimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, terá sido sequestrado ao final da tarde de dia 07 de abril em circunstâncias por apurar, disseram à Lusa, na ocasião, familiares e fonte do órgão de comunicação para o qual trabalhava.

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Segundo o Misa Moçambique, uma organização de defesa da liberdade de imprensa, pouco antes do seu desaparecimento, Ibraimo terá enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que estava “cercado por militares” e o que se passou depois é uma incógnita.

As autoridades moçambicanas demarcaram-se da eventual detenção do jornalista, acrescentando que o caso está sob investigação.

Várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia, manifestaram o seu repúdio e pediram às autoridades o esclarecimento do caso de Ibraimo Mbaruco.

Em 2019, Amade Abubacar e Germano Adriano, que cobriam a violência armada em Cabo Delgado, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredo de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista desde outubro de 2017, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 550 pessoas neste período.

As autoridades moçambicanas contabilizam um total de 162 mil pessoas afetadas pela violência armada.