O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, começou este domingo a ser julgado por corrupção. Netanyahu foi indiciado em 2019 das acusações de fraude, abuso de confiança e aceitação de subornos, o que é negado pelo primeiro-ministro israelita. No início do julgamento, o responsável criticou o sistema judicial israelita por apresentar um caso “fabricado e delirante”, ajudando numa “tentativa de depor um primeiro-ministro forte”.

O chefe do Governo rejeita todas as acusações que o envolvem numa série de escândalos em que se incluem também o pagamento de “luvas” e a troca de favores nas reformas dos meios de comunicação social para cobrir as suas atividades de forma positiva.

O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, acusou Benjamin Netanyahu em novembro por suborno, fraude e abuso de confiança em três diferentes casos de corrupção. Um deles, designado “4000” ou “Bezeq”, nome de um grupo de telecomunicações israelita, é particularmente sensível para o primeiro-ministro.

Neste caso, a justiça suspeita que Netanyahu concedeu favores que terão rendido milhões de dólares ao proprietário da empresa Bezeq em troca de uma cobertura mediática favorável num dos ‘media’ do grupo, o portal de Internet Walla.

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“O objetivo deste processo é derrubar um primeiro-ministro forte, mais ligado à direita e, portanto, uma tentativa de retirar a direita do poder em Israel por muitos anos”, comentou Netanyahu, nas primeiras declarações transmitidas pelas televisões israelitas, à entrada do tribunal.

O responsável garantiu que se mantinha de “cabeça erguida” durante este processo, continuando a liderar o governo enquanto este decorre. Na ótica de Netanyahu, este processo é fruto de uma conspiração que envolve pessoas ligadas às forças de segurança, à imprensa e ao sistema judicial, além de pessoas ligadas a outras “cores” políticas.

Enquanto os jornais continuam a falar sobre este processo sem sentido, sobre estes casos falsos e exagerados, eu vou continuar a liderar o estado de Israel a lidar com os problemas que realmente importam às pessoas, incluindo continuar a salvar milhares de vidas de israelitas, em preparação para uma eventual segunda vaga do coronavírus”, comentou Netanyahu.

Um tribunal israelita tinha ordenado na quarta-feira ao primeiro-ministro que comparecesse este domingo na abertura do julgamento, depois de os seus advogados terem apresentado um pedido em sentido contrário. O tribunal rejeitou o pedido, argumentando que a comparência do acusado na leitura da acusação é a regra e que não existem quaisquer fundamentos para que Netanyahu esteja ausente nesta fase do processo.

O julgamento de Netanyahu esteve inicialmente marcado para abril, mas foi adiado devido à pandemia de covid-19. O primeiro-ministro, reconduzido no posto no passado dia 17, no governo de união com o seu ex-rival eleitoral Benny Gantz, diz-se inocente relativamente às acusações e denuncia um complô da justiça contra si. Em Israel, o primeiro-ministro não possui imunidade judicial, mas pode continuar em funções ou formar um governo apesar de alvo de uma acusação criminal, determinou o Supremo Tribunal.