A gestão do dinheiro doado à família da bebé Matilde, que terá somado mais de 2,5 milhões de euros, está sob investigação. “Confirma-se a existência de inquérito que corre termos no DIAP de Lisboa. O mesmo encontra-se em investigação e sujeito a segredo de justiça”, garante a Procuradoria-Geral da República, não esclarecendo que crimes estão a ser investigados. A notícia é avançada pelo Correio da Manhã.

Matilde Sande nasceu em 2019 e aos dois meses de idade foi diagnosticada com atrofia muscular espinhal (AME) do tipo 1, uma doença rara que afeta 110 pessoas em Portugal, 80 das quais são crianças. O tipo 1 é a forma mais grave da doença e causa perda de força, atrofia muscular, paralisia progressiva e perda de capacidades motoras. Apesar de afetar todos os músculos do corpo, a AME não diminui as capacidades cognitivas.

Bebés Matilde e Natália já tomaram o medicamento para a atrofia muscular espinhal

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O tratamento mais promissor para a doença chama-se Zolgensma, o medicamento mais caro do mundo, e custa quase dois milhões de euros. Perante este cenário, o casal decidiu recorrer aos donativos dos portugueses. Criou a 12 de junho de 2019 uma página de Facebook intitulada “Matilde, uma bebé especial” na qual partilhou o número da conta solidária, aberta na Caixa Geral de Depósitos, em nome de Matilde. Os donativos acumularam-se, mas o Estado português acabou por suportar o custo do Zolgensma.

Perante as dúvidas levantadas sobre o que seria feito ao dinheiro, a família garantiu que seriam utilizados para ajudar outras famílias, sendo a conta monitorizada.

A última publicação é de 21 de julho

Mais de um ano depois, a página de Facebook continua ativa e o casal mantém atuais as notícias sobre a saúde e os tratamento de Matilde. O que não revela, segundo o Correio da Manhã,  é o saldo atual da conta ou detalhes das ajudas a outras crianças. “Este é um processo transparente”, defende o casal. “Esse valor pertence à Matilde. Será usado para todos os tratamentos, terapias e equipamentos que a Matilde necessite”, dizem, citados por aquele jornal, garantindo ter ajudado 55 crianças.

Apesar disso, há pedidos de reembolso das doações feitas. A resposta do casal Sande, questionado pelo Correio de Manhã, é a de que  “parte da devolução dos donativos é um não tema.”

Bebé Matilde. Doação chega aos 2 milhões de euros

Sobre a gestão do dinheiro e a escolha das crianças ajudadas, os pais de Matilde esclarecem que “as ajudas são feitas mediante as necessidades das crianças e as transferências são sempre feitas diretamente para as clínicas, empresas e hospitais”. E explicam ainda por que motivo não entregaram a totalidade do dinheiro doado a, por exemplo, uma associação sem fins lucrativos. “Nós, pais, sabemos melhor que ninguém quais as reais necessidades da nossa filha e jamais iríamos colocar a vida e o futuro da nossa filha na mão de terceiros.”

A página de Facebook continua ativa