O presidente da Juventude Popular (JP), organização dos jovens do CDS-PP, disse esta segunda-feira que tem sido alvo de insultos e ameaças desde que lançou um abaixo-assinado contra a realização da Festa do Avante!, e admite apresentar queixa.

Numa nota enviada à Lusa, o presidente interino da JP, Francisco Mota, refere que tem sido alvo de “ameaças de todo o tipo, insultos baratos e considerações pessoais”, dirigidas a si e à sua família, por parte de pessoas que não conhece, através de “mensagens públicas e privadas” nas redes sociais e chamadas com recurso a número não identificado. A situação começou depois de “ter defendido a não autorização da Festa do Avante!”, indica.

Questionado se pondera dar conhecimento da situação à polícia, respondeu: “Sim, estou a pensar fazê-lo”.

Na semana passada, a JP lançou um abaixo-assinado no qual solicita ao Governo que “não autorize a Festa do Avante, nos termos e nos moldes em que esta se encontra anunciada”. O documento conta esta segunda-feira com mais de 4.700 subscritores e estará disponível para ser assinado até duas semanas antes da festa, altura em que Francisco Mota quer entregá-lo ao primeiro-ministro.

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Por mais que a extrema esquerda nos ameace, não vergaremos ao poder instalado e à ditadura de opinião em que vivemos atualmente em Portugal. Por mais que procurem condicionar a nossa liberdade, por mais ameaças que façam, seremos sempre um tampão aos extremismos, de esquerda e de direita”, salienta o líder da JP.

Francisco Mota salienta que “será de uma gravidade sem precedentes se, a coberto de uma manifestação política, for permitido [ao PCP] fazer aquilo que não é admitido a milhares e milhares de portugueses e a centenas de empresários e de artistas”.

“Não vamos desistir de Portugal e daquilo que acreditamos, porque numa hora destas não podem existir portugueses de primeira e portugueses de segunda”, garante, desafiando o Governo a saber, “neste difícil momento, agir com total rigor e com toda a isenção e imparcialidade”.

A Festa do Avante!, habitual rentrée política do PCP, decorrerá entre 4 e 6 de setembro, nas quintas da Atalaia e do Cabo da Marinha, na Amora (distrito de Setúbal). De acordo com o partido, esta festa — cuja realização está envolta em polémica e foi alvo de várias críticas — vai decorrer com cerca de 33 mil pessoas, um terço da capacidade total, será obrigatório o uso de máscara no acesso a espaços e serviços de atendimento, haverá álcool gel distribuído no recinto e existirá um maior número de eventos ao ar livre.

PCP reduz lotação da Festa do Avante. Limite máximo será de 33 mil pessoas

Além das “regras de distanciamento físico nas diversas atividades (incluindo a criação de assistentes de plateia)”, serão também criados “corredores de circulação de sentido único, separação de canais de entrada e saída e maior fluidez de acesso a transportes públicos”, assegurou o partido na semana passada, acrescentando que o horário da festa também vai sofrer alterações.

O Governo, por seu turno, salientou que não serão admitidas exceções às regras em vigor, mas indicou que “não tem competências legais ou constitucionais” para proibir iniciativas políticas como a Festa do Avante!.