Era tudo menos um segredo mas agora tornou-se público como já se esperava desde o fim de semana: Mehdi Taremi, avançado iraniano de 28 anos que foi uma das revelações do último Campeonato ao serviço do Rio Ave e que terminou com apenas menos um golo do que o melhor marcador da prova, Carlos Vinícius (19-18), foi esta segunda-feira apresentado como quarto reforço do FC Porto para a época de 2020/21, curiosamente a quarta contratação feita no mercado interno depois de Cláudio Ramos (Tondela), Carraça (Boavista) e Zaidu (Santa Clara).

O jogador tinha viajado este domingo para Portugal, de Teerão para Lisboa com escala no Dubai, tendo depois feito o aluguer de uma viatura com um amigo na capital para viajar até Vila do Conde, “fintando” alguns jornalistas que o esperavam no aeroporto Francisco Sá Carneiro. O negócio estava preso apenas pelos exames médicos, tendo ficando acertado a venda da parte do passe que pertencia ao Rio Ave por 4,5 milhões de euros além da cedência a título definitivo do avançado André Pereira, que esteve cedido na última época ao Saragoça. O internacional iraniano assinou contrato por quatro temporadas com os azuis e brancos, ficando com um ordenado um pouco acima de um milhão de euros por época, de acordo com a imprensa iraniana, ainda assim muito abaixo do vencimento (e das ofertas) que tinha antes de vir para Portugal, quando jogava no Qatar.

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“Sempre tive o sonho de jogar na Liga dos Campeões e em grandes clubes. Estou muito feliz por esta situação. Ser o primeiro jogador iraniano do FC Porto, um clube de Portugal que é um dos grandes a nível mundial, estou muito feliz por tudo isto. Adeptos? Estive em clubes com 30 milhões de adeptos. É uma situação normal com a qual me dou bem e até gosto. O FC Porto também tem muitos adeptos e aqui os jogadores jogam para eles e fazem tudo pelos adeptos”, referiu nas primeiras declarações como jogador do FC Porto às plataformas de comunicação do clube, recordando ainda a final da Champions de Gelsenkirchen. “Vi a última final da Liga dos Campeões do FC Porto, contra o Mónaco, que ganharam 3-0. Antes disso tinham jogado contra o Deportivo da Corunha e também me lembro desse jogo. Tínhamos uma grande equipa, com Vítor Baía, Deco, Ricardo Carvalho…”.

“Vou marcar mais golos do que na época passada. Vou tentar fazer isso. É muito importante para mim e para o FC Porto, quero sagrar-me campeão aqui. Fiquei muito entusiasmado por assinar este contrato com o FC Porto, porque é um clube muito grande que me deixou muito feliz por esta transferência. Tem sido muito bom para mim. É o cumprir de um sonho. Toda a gente, jogadores e adeptos que acompanham o futebol, conhece o FC Porto. O FC Porto é um dos maiores clubes do mundo”, acrescentou, dizendo que não conhece o novo treinador mas que gosta do seu estilo: “O FC Porto foi uma verdadeira equipa. Nunca pararam e acho que foi por isso que se sagraram campeões. Também por causa do treinador, do apoio dos adeptos e de toda a estrutura. Estiveram sempre juntos. Via-os fazer a roda e a gritarem juntos, são uma autêntica equipa. Isso é muito importante”.

Depois de passar pelo Shahin Bushehr e pelo Iranjavan, onde foi o melhor marcador da 2.ª Divisão, Taremi deu o salto para o Persepolis, onde se tornou um dos principais avançados iranianos. Em 2017 rumou ao Qatar, onde jogou no Al-Gharafa, tendo abdicado de uma parte significativa do ordenado para poder ter a sua primeira experiência na Europa ao serviço do Rio Ave. Em janeiro, o avançado esteve próximo de assinar pelo Sporting até ao último dia antes do fecho do mercado, altura em que, perante o negócio de 3,5 milhões por 30% do passe, tudo caiu. Já depois do final do Campeonato, o Benfica tinha o dianteiro bem referenciado como possível reforço mas, ao contrário do que aconteceu com Helton Leite, a possibilidade acabou por cair. De acordo com informações recolhidas pelo Observador, Taremi voltou a estar no radar dos leões e, depois de uma abordagem de um agente iraniano pelo jogador, questionaram os vila-condenses sobre as condições de um possível negócio, tendo como resposta a impossibilidade de haver mais conversações porque a ida para o FC Porto estava quase feita.

O dia no Dragão foi também marcado por mais um “reforço” mas neste caso interno: Nakajima, que estava longe do grupo já há mais de três meses depois da pandemia (não tendo participado sequer nas cerimónias de entrega das medalhas de vencedores do Campeonato e da Taça de Portugal), voltou a integrar os trabalhos com os restantes companheiros, ficando por perceber se voltará mesmo a ser opção ou se estará de saída do clube.