Muitas entrevistas, inúmeras solicitações, milhares de mensagens e aquele BMW M4 novinho em folha ainda na Áustria. No dia 23 de agosto, depois de ganhar a sua primeira prova de sempre no MotoGP, Miguel Oliveira só conseguiu falar com o pai, Paulo, quase quatro horas depois do final da corrida, pelos habituais compromissos oficiais e conferências para o vencedor. Quando assentou de novo os pés na terra, o cenário não foi diferente e, ao longo da semana seguinte, o piloto de Almada foi-se desdobrando dentro do tempo que era a única coisa que não tinha. Depois parou, procurou o foco e centrou-se no próximo desafio: o Grande Prémio de São Marino.

Histórico: Miguel Oliveira consegue primeira vitória de sempre no Moto GP no Grande Prémio da Estíria

A perceção sobre o português mudou desde a vitória na Estíria. Para o bom e para o “mau”, no sentido em que se tornou ainda mais um dos adversários que os restantes pilotos mais têm em conta. Dentro e fora das pistas, este é o tempo de Miguel Oliveira que, de acordo com informações da Betano.pt, aumentou e muito nas opções dos próprios apostadores: no Grande Prémio de Espanha só 7% acreditavam que podia ganhar, na Áustria subiram para 13% e agora, para São Marino, o valor passou para 32,4%. No entanto, o primeiro dia de treinos livres acabou por arrefecer um pouco essa euforia, até pelos sinais que vinham também das outras equipas.

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Depois de ter ficado no 22.º lugar na primeira sessão, o português terminou o primeiro dia esta sexta-feira com o nono melhor tempo combinado, uma melhoria com pneu slick de mistura dura na frente e de mistura macia na roda traseira. Já esta manhã de sábado, o piloto da Tech3 não foi além do 16.º posto, em mais um dia pouco conseguido da KTM que teve em Pol Espargaró o melhor representante com o 12.º tempo, Iker Lecuona na 15.ª posição e Brad Binder no 17.º lugar. Confirmou-se aquilo que vários especialistas tinham diagnosticado, com as equipas a aproveitarem as três semanas de paragem para trabalharem as motos de outra forma, como se viu em especial nos resultados da Yamaha, a recordar o bom arranque de época e com Rossi também em destaque.

No entanto, este sábado trouxe um Miguel Oliveira melhor e com a moto a dar uma outra resposta: depois do décimo melhor tempo na terce sessão dos treinos livres, o português teve um excelente arranque na Q1, chegando a estar com o terceiro registo antes de ir de novo às boxes (numa volta que até estava com parciais interessantes mas que “apanhou” Álex Márquez) e subiu ao segundo posto, atrás de Pol Espargaró, o que lhe valeu a presença na Q2 para discutir um dos 12 primeiros lugares da grelha de partida pela quarta vez em seis provas.

Aí, e com uma saída de pista de Pol Espargaró logo nos minutos iniciais, o português foi o último a entrar para a pista quando faltavam cerca de quatro minutos para o final da sessão e estabeleceu o sexto melhor tempo, caindo depois duas posições para a terceira linha da grelha logo no minuto seguinte e, até terminar a qualificação, para o 12.º e último lugar da Q2 onde as Yamaha tiveram o domínio total nos quatro primeiros lugares: Maverick Viñales, Franco Morbidelli, Fabio Quartararo e Valentino Rossi, que conseguira o melhor registo nos treinos livres mas não ficou na primeira linha (embora tenha igualado a melhor qualificação do ano).

“Foi um sábado positivo. Durante o terceiro livre tivemos uma série de voltas rápidas canceladas devido a bandeiras amarelas. Ainda assim vimos muito potencial e fomos para a qualificação confiantes. Depois fiz duas voltas sozinho, tentei posicionar-me bem, mas já não tinha pneu nem muito tempo. Fiquei a uma décima do meu melhor tempo. Foi um fim de semana complicado para a KTM mas acreditamos que podemos fazer uma boa corrida, sobretudo recuperar algumas posições no arranque, fazer o nosso ritmo de corrida que não corresponde à posição em que qualificámos”, comentou no final da qualificação Miguel Oliveira à sua assessoria.