A data não é ainda certa, mas antes de outubro chegar ao fim as escolas deverão ter acesso a uma nova plataforma para reunir informação sobre casos de Covid-19. A ideia é criar uma base de dados, centralizada na DGEstE (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares), onde a cada momento poderá ser consultado o número de alunos que estão infetados, quantos estão confinados, se as aulas estão a decorrer à distância e que meios cada agrupamento está a alocar para fazer face ao problema. Também as infeções de pessoal docente e não docente deverão ser ali inseridas.

Ao que o Observador apurou os dados não serão de consulta pública. Uma das críticas recorrentes dos sindicatos de professores — e que levou a Fenprof a exigir dados ao Ministério da Educação, como o mapa geral de contágios em escolas —, é o facto de esta informação não estar a ser divulgada.

Por duas vezes, nos briefings diários sobre o estado da pandemia, Graça Freitas fez o balanço da situação: na quarta-feira passada, havia 23 surtos ativos em escolas ligados a 136 casos positivos. A 28 de setembro, segundo a diretora geral de saúde, eram 12 escolas e 78 pessoas infetadas.

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Quanto à plataforma, desde o arranque do ano letivo que tem estado a ser desenvolvida, faltando apenas alinhar alguns detalhes para que possa avançar. As associações de diretores, contactadas pelo Observador, veem com bons olhos esta nova forma de comunicar casos de Covid positivo, mesmo que se queixem do excesso de plataformas com que já têm de lidar no dia a dia.

“Quando há um infetado temos de informar a DGEstE e o que temos até agora é um método muito arcaico, é um documento em Word, de difícil preenchimento”, conta Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Escolas e Agrupamentos Públicos, que confirma ter conhecimento de que a nova plataforma está a caminho das escolas.

O diretor do agrupamento Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, sabe bem do que fala: já teve de preencher esses documentos depois de o teste de um aluno ter dado positivo. O caso aconteceu no final de setembro e foi necessário enviar uma turma do 9.º ano para casa.

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Também o presidente da ANDE, Associação Nacional de Dirigentes Escolares, teve de lidar com contágios no agrupamento de escolas General Serpa Pinto de Cinfães. No fim de semana passado (3 e 4 de outubro), um aluno de 6.º ano testou positivo e duas turmas do agrupamento dirigido por Manuel Pereira tiveram de ficar em quarentena.

No seu caso, já não teve de preencher um documento em Word. “Recebi um inquérito online, numa plataformazinha, com uma série de questões sobre o aluno”, conta, supondo ser este o suporte informático que, enquanto diretor, sabia estar a ser preparado pela DGEstE.

No entanto, não tem conhecimento de nada semelhante no caso de a infeção afetar docentes e não docentes.

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“As escolas veem com bons olhos a chegada desta plataforma. Vai facilitar, e muito, o trabalho dos diretores. O modo de comunicarmos casos positivos vai ser mais célere”, diz, por seu turno, Filinto Lima, sublinhando que é uma forma de o Ministério da Educação saber, a cada momento, “quantos escolas, em cada concelho, têm pessoas infetadas”. Por isso, sublinha que para os diretores “quanto mais depressa chegar às escolas, melhor”.

O Observador contactou o Ministério da Educação pedindo mais detalhes sobre o funcionamento da plataforma e a data prevista para que este suporte informático comece a funcionar, mas até à publicação desta notícia não foi possível obter essa informação.