O CDS-PP criticou esta quarta-feira o primeiro-ministro por não apresentar no parlamento o esboço do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que vai entregar na quinta-feira em Bruxelas, com o PS a defender que o documento foi amplamente debatido.

Numa declaração política na Assembleia da República, o deputado do CDS-PP João Gonçalves Pereira lamentou que António Costa tivesse optado por apresentar esta quarta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, o documento, alegando desconhecimento dos deputados sobre o seu conteúdo.

O deputado democrata-cristão até elogiou a forma como o processo foi conduzido — começando por pedir uma visão estratégica a um independente, o gestor António Costa Silva —, ouvindo os partidos e promovendo um debate sobre o tema no parlamento.

“Mas o que temos hoje em mãos é apenas um powerpoint de 15 páginas”, acusou, dizendo que existe “um enorme desconhecimento” sobre o que vai ser apresentado na quinta-feira em Bruxelas.

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João Gonçalves Pereira questionou, entre outros temas, que investimentos concretos vão estar neste plano.

“Usando a expressão de um membro deste Governo: o povo não tem o direito de saber com o que é que o país se vai comprometer em Bruxelas?”, perguntou, dizendo que este tipo de atitude “abre porta e espaço” a extremismos.

Na resposta, o deputado do PS Hugo Costa salientou que foi a pedido do primeiro-ministro, António Costa, que o parlamento realizou um debate temático sobre o PRR e que foi a bancada do PS que solicitou uma audição em comissão parlamentar do gestor António Costa Silva.

Não percebemos onde é que o CDS diz que não houve debate”, afirmou.

João Gonçalves Pereira frisou que a crítica do CDS não foi à falta de debate durante o processo, mas ao desconhecimento sobre “o resultado” do mesmo.

“O que disse é que esse plano devia ser apresentado aqui e discutido com os vários partidos antes de ser apresentado em Bruxelas”, reiterou.

Pelo PSD, também o deputado Emídio Guerreiro concordou que aos partidos apenas foi facultado “um powerpoint muito bonitinho muito redondinho, onde tudo é muito importante e muito prioritário”.

O que hoje está a ser apresentado à Gulbenkian e não ao parlamento estamos ainda sem saber como se concretiza: onde e como e para onde se vai investir todo este dinheiro?”, perguntou.

O deputado do PCP Bruno Dias manifestou igualmente concordância com um “debate aprofundado” sobre a forma como Portugal vai usar os fundos europeus.

“Coisa diferente é reduzir o debate a uma caixa de sugestões e quem decide é lá em Bruxelas”, criticou.