Francisco José Viegas é o vencedor do Prémio Literário Fernando Namora de 2020 com o livro “A Luz de Pequim”, editado pela Porto Editora. O escritor “agradece o prémio”, tendo-o recebido com um “sentimento de felicidade” e “de gratidão”.

O galardão é, para Francisco José Viegas, um “incentivo” e um “empurrão para a divulgação e para o conhecimento da figura de Jaime Ramos”. Ouvido pela Rádio Observador, o escritor diz que a personagem principal o “acompanha ao longo dos tempos” e refere que este percurso foi “solitário”, uma vez que considera que o romance policial não tem “visibilidade” em Portugal.

Francisco José Viegas e o seu quase policial

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O júri do concurso, presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, apontou à Renascença que o romance “interroga o tempo e o que fazemos com ele” e avalia “experiências passadas e incertezas atuais” com um “conjunto complexo de personagens” recheada de “conseguimentos e fracassos”.

Um dos maiores destaques da obra é a personagem do inspetor Jaime Ramos, personagem que acompanha a obra do autor desde 1991 (sendo já a nono livro com esta personagem principal) e que já ganhou “biografia”, já tem uma “história”. Francisco José Viegas assume que “uma das grandes alegrias de um escritor às vezes não é ser conhecido, é as personagens ganharem vida própria”.

Entrevista com um detetive que não existe

Ainda assim, Francisco José Viegas não descreve o inspetor como o típico herói do romance policial, que “não falha”, mas sim como alguém que “comete erros”. Por seu turno, o jurado do Prémio Literário Fernando Namora de 2020 descreve a personagem como “uma figura melancólica, deslocada no tempo”.

Francisco José Viegas: “Prémio Fernando Namora é um incentivo para contar mais histórias”

A ação de “Luz de Pequim” começa no Porto, onde é encontrado um corpo pendurado nos pilares da Ponte D. Luíz I. A trama interliga-se com o descobrimento doutro cadáver encontrado nas colinas do Douro, inserida numa teia de crimes no submundo da noite do Porto, que obriga Jaime Ramos a enfrentar o seu passado.

O livro é, para o autor, uma “homenagem à cidade do Porto” sendo o género do romance policial a maneira que Francisco José Viegas elegeu para falar de Portugal.

O escritor afirma estar em “bom companhia” no que refere aos antigos vencedores da iniciativa promovida pela Sociedade Estoril Sol, que visa distinguir uma obra de ficção de um escritor português. Em 2019, Julieta Monginho foi a contemplada com “Um Muro no Meio do Caminho”.