O Brasil registou défice nominal de 919,4 mil milhões de reais (143,3 mil milhões de euros) nas contas públicas entre janeiro e outubro, correspondendo a um aumento de 172% no endividamento do país face ao mesmo período de 2019.

O resultado divulgado esta segunda-feira pelo Banco Central brasileiro – que leva em conta as receitas e despesas do setor público, incluindo o Governo central, estados, municípios, empresas estatais e o pagamento de juros da dívida -, indicou que o rombo nas contas públicas equivale 15,37% do Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América do Sul.

A subida do endividamento foi provocada pelos esforços para enfrentar os efeitos da pandemia de Covid-19 no país, segundo o Banco Central brasileiro.

Só em outubro, o défice orçamental do país foi de 30,9 mil milhões de reais (4,8 mil milhões de euros), cerca de três vezes mais do que o montante registado no mesmo mês do ano passado.

Já o défice primário do Brasil, que não inclui o pagamento dos juros da dívida pública, entre janeiro e outubro, foi de 632,9 mil milhões de reais (cerca de 98,5 mil milhões de euros). O valor representa uma escalada exponencial em relação ao mesmo período de 2019, quando o défice primário foi de 33 mil milhões de reais (5,1 mil milhões de euros).

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Embora o cálculo dos meses já completados no ano registe resultado negativo, o Banco Central brasileiro destacou que em outubro o país obteve um excedente primário nas contas públicas no valor de 2,9 mil milhões de reais (cerca de 460 milhões de euros), primeiro resultado mensal positivo desde janeiro.

O emissor informou ainda que a dívida bruta do país atingiu 6,5 biliões de reais (cerca de 1 bilião de euros) em outubro, o equivalente a 90,7% do PIB brasileiro, o que representa um novo recorde e um aumento de 2,2 pontos percentuais do PIB em relação ao mês imediatamente anterior.

O alto valor da dívida pública brasileira é um dos indicadores que mais preocupa as agências de classificação de risco, já que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida bruta dos demais países emergentes não ultrapassa 50% do PIB.

Apesar da tímida reativação económica observada nos últimos meses no território brasileiro, as projeções do Governo e de economistas do mercado financeiro indicam que o país deve experimentar uma queda do PIB estimada entre 4% e 5%.