Na primeira semana do ano, o regime de Nicolás Maduro encerrou sete meios de comunicação independentes a operar na Venezuela, cujas investigações visam a corrupção do regime. Ao jornal espanhol ABC, o presidente do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Marco Ruiz, denuncia a situação e explica que o próprio sindicato está incluído no rol de ataques depois de ter recebido financiamento do Reino Unido para um projeto que pretende mostrar os riscos de trabalhar numa ditadura.

Entre os meios encerrados está o jornal Panorama — fundado em 1914, é tido como um jornal de referência —, mas também o canal de televisão VPI, cujo equipamento foi confiscado e o estúdio encerrado, e cuja operação colocou 108 trabalhadores na rua. No comunicado divulgado na respetiva página online da VPItv explica-se que o canal cessou temporariamente a operação na Venezuela depois de uma visita do Serviço Nacional Integrado de Administração Aduaneira e Tributária. Foram também bloqueadas as publicações online Efecto Cocuyo, Caraota Digital, Tal Cual e a rádio católica De y Alegría, entre outros títulos.

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Último jornal impresso na Venezuela crítico do Governo deixa formato em papel

Desde de 2014 que 84 meios de imprensa escrita, rádio e televisão foram encerrados. Segundo Marco Ruiz, 85% da imprensa escrita foi destruída, sendo que a restante é complacente com o regime de Maduro, o qual tem vindo a dificultar a vida à comunicação social através de estrangulamentos financeiros.

Maduro foi também notícia na semana passada quando decretou a criação de um novo território “para o desenvolvimento da frente atlântica” do país em Essequibo, uma área há vários anos em disputa com a Guiana, ex-colónia britânica que possui grandes reservas de gás e de petróleo — a soberania deste território é reclamada pela Venezuela por meio do Acordo de Genebra, de 1966, sendo que a região está desde então sob mediação da ONU. No discurso, Maduro pediu a intervenção de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, para que o diálogo entre a Venezuela e Guiana seja retomado.