O grupo de telecomunicações chinês Huawei apresentou um novo telemóvel dobrável, com um ecrã de 20 centímetros, que será vendido apenas na China, numa altura em que a empresa enfrenta sanções norte-americanas. O modelo, designado Mate X2, ilustra os desafios que a Huawei enfrenta, depois de Washington ter cortado o acesso da empresa a tecnologia norte-americana, incluindo ‘chips’ e serviços da Google.

No ano passado, a Huawei caiu do primeiro para o sexto lugar na tabela das marcas de telemóveis mais vendidas a nível global. A Huawei disse que o Mate X2, o terceiro telemóvel dobrável do grupo, tem gráficos mais nítidos e melhor som para filmes e jogos. O dispositivo usou o ‘chip’ de processador mais avançado fabricado pela empresa, o Kirin 9000. Este telemóvel oferece uma “experiência verdadeiramente imersiva”, disse o presidente da unidade de consumo da Huawei, Richard Yu, num evento transmitido ‘online’.

Em 2019, a Huawei, primeira marca de tecnologia da China com alcance global, foi colocada numa lista de entidades consideradas como um risco para a segurança norte-americana pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, durante a presidência de Donald Trump.

Em novembro passado, a Huawei vendeu a marca de telemóveis de baixo custo Honor para concentrar recursos em modelos de última geração. O Mate X2 estará disponível a partir de 17.999 yuans (2.288 euros), indicou Yu. Executivos disseram anteriormente que a Huawei tinha armazenado vários componentes em antecipação de um possível corte no fornecimento pelos Estados Unidos, mas não é claro quanto tempo esses suprimentos podem durar.

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A Huawei projetou a linha Kirin, que alimenta os seus ‘smartphones’ mais avançados, mas depende de fabricantes externos, incluindo a TSMC, de Taiwan, para o fabrico. A administração Trump intensificou as sanções no ano passado, bloqueando a TSMC e outros produtores globais de usar tecnologia dos EUA para fazer ‘chips’ para a Huawei, incluindo os que são desenvolvidos pela empresa.

As autoridades chinesas acusaram Washington de abusar de reclamações de segurança nacional para conter as empresas tecnológicas da China. A Huawei nega acusações de que pode facilitar a espionagem chinesa. Sem acesso aos serviços da Google e outros serviços pré-instalados, as vendas de ‘smartphones’ da Huawei caíram 22%, no ano passado, para 188,5 milhões de unidades, segundo a analista de mercado Canalys.

O fundador da Huawei, Ren Zhengfei, disse já não esperar que o novo Presidente norte-americano, Joe Biden, suspenda as sanções de Trump, mas expressou confiança na sobrevivência da empresa. A Huawei, com sede em Shenzhen, no sul da China, também é a maior fabricante global de equipamentos de comutação para redes de telecomunicações.

A unidade de ‘smartphones’ da Huawei depende cada vez mais do mercado doméstico na China, que representa já mais de 70% das vendas. A perda de serviços do Google não teve impacto na China, onde não são licenciados, e a Huawei já usa alternativas locais.