O primeiro-ministro António Costa disse não antever para si mesmo “uma vida mais sossegada”, mesmo quando Portugal não registar mais casos de infeção por SARS-CoV-2. “No dia em que deixarmos de ter qualquer infetado, continuaremos a ter 400 mil desempregados, muitas empresas que, entretanto, faliram ou que têm muita dificuldade em cumprir o esforço remuneratório”, explicou o líder do Executivo numa entrevista ao Público.

Ainda assim, está otimista em relação ao futuro: “Se me pergunta se, daqui a cinco anos, estaremos ao nível da Alemanha, respondo-lhe que não”, começou por dizer. Mas,”o que lhe posso dizer é que, daqui a cinco anos, estaremos mais próximos da Alemanha do que estávamos há cinco anos”: “É esse o dever que temos e a oportunidade que temos”.

Questionado sobre se acredita num consenso à esquerda nos próximos anos, António Costa argumentou que não prevê dificuldades nesse campo. Para o primeiro-ministro, se “foi sempre possível encontrar as condições adequadas à governação” durante o último ano, então essas condições não devem piorar num futuro próximo: “Não tenho nenhuma razão para antever que as coisas se alterem”.

Mas António Costa aponta críticas a outras cores políticas quando, na mesma entrevista ao Público, afirma que a crise pandémica foi “o maior atestado de falhanço das visões neoliberais”, argumentando que ela demonstrou quão essenciais são serviços como a escola pública, o serviço nacional de saúde (SNS) e as ferramentas de proteção social. “Todos os instrumentos do Estado Social revelaram-se absolutamente cruciais”, reitera.

Ainda assim, o primeiro-ministro aponta três fragilidades no país: a pandemia de Covid-19 expôs a necessidade de reforço do SNS, sobretudo cativando “o talento que temos produzido”; a precariedade do mercado de trabalho, apontando como exemplo as dificuldades que se abateram sobre o setor cultural, também por falta de regulação; e o desordenamento territorial, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa e na área do Tâmega e Sousa.

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