A vacina Pfizer/BioNTech Covid-19 tem menos proteção para doentes com cancro do que para pessoas saudáveis após a toma da primeira dose. A conclusão é de um estudo do King’s College London e do Francis Crick Institute, citado pelo The Guardian, que sugere que a estratégia do Reino Unido para adiar a segunda dose da vacina pode deixar os pacientes com cancro em risco.

A Pfizer recomenda a toma das duas doses da vacina com um intervalo de 21 dias, porém o Reino Unido optou por um método diferente, em que as pessoas só estão a levar a segunda toma 12 semanas após a primeira.

No estudo em causa foi analisado o impacto da vacina em 205 pessoas — 54 voluntários e 151 idosos com cancro. Foram tidos em conta pacientes com vários tipos de cancro, os sólidos, como cancro da mama ou da próstata, ou líquidos, como leucemia. Através da pesquisa concluiu-se que a resposta de anticorpos encontrada foi de 39% nos pacientes com cancros sólidos e apenas de 13% nos doentes com leucemia, o que contrasta com os 97% dos voluntários saudáveis. Por outro lado, os números dispararam quando os pacientes com cancro sólidos receberam a segunda dose da vacina após três semanas, com uma reposta de anticorpos de 95% duas semanas depois do reforço.

O estudo do King’s College London e do Francis Crick Institute ainda não foi revisto nem publicado e a instituição Cancer Research UK considera a pesquisa pequena para ser tida em conta, pelo menos para já, e continua a aconselhar que os pacientes sigam as indicações médicas para a vacinação.

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Sheeba Irshad, do King’s College London, considera que os dados do estudo “fornecem a primeira evidência do mundo real da eficácia imunológica após uma dose da vacina Pfizer em pacientes com cancro” e que não podem ser ignorados. A especialista refere que a pesquisa mostra que os doentes estão “imunologicamente desprotegidos até pelo menos cinco semanas após a primeira dose” e que essa “baixa eficácia pode ser invertida com um reforço precoce no dia 21”.

Perante os dados até agora conhecidos, os responsáveis pelo estudo pedem uma “revisão urgente da estratégia” para os grupos clinicamente vulneráveis.

Diretora do Serviço de Oncologia do IPO de Coimbra pede para segunda dose não ser atrasada em doentes com cancro. Ouça aqui:

Adiar 2ª dose da vacina da Pfizer? Não para pacientes oncológicos