A jovem ativista ugandesa Vanessa Nakate, um dos rostos do movimento “Sextas-feiras pelo Futuro”, acusou esta terça-feira o governo alemão de coartar a sua liberdade de expressão no seu discurso num fórum sobre energia e alterações climáticas.

Nakate utilizou o tempo que lhe foi atribuído no Diálogo de Transição de Energia de Berlim, um evento organizado pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia alemães, para atacar os organizadores, a quem acusou de a chamar apenas para “embelezar” o evento.

A ativista de 24 anos disse que os organizadores tinham reduzido o seu tempo de intervenção em um terço, exigiram ver o texto do seu discurso antes de este ser lido e exortou-a a não acusar nenhum líder pelo nome.

“Foram os líderes que falharam na crise das alterações climáticas. Não é acusação: é dizer a verdade. Porque é que há tanto medo de ouvir a verdade”, disse Nakate, num breve discurso imediatamente após o dos ministros alemães dos Negócios Estrangeiros e da Economia, Heiko Maas e Peter Altmaier.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Será que os políticos também tiveram de mostrar os seus textos?”, perguntou.

A ativista lamentou que muitos líderes políticos falem de “emergência” climática, mas depois não tomem medidas: “É tempo de parar de falar e tratar esta crise como uma crise”.

O discurso de Nakate, que apelou a que ativistas e cientistas fossem autorizados a falar, foi um balde de água fria no fórum, mas o formato virtual devido à pandemia impediu um confronto direto entre a ativista e os seus anfitriões alemães. Quando a ativista terminou a sua intervenção à distância, o moderador do evento pegou no seu discurso, referindo-se à sua exigência de ser ouvida, mas ignorando as mensagens mais controversas, apresentando de imediato o participante seguinte.

O Diálogo de Transição Energética de Berlim é um fórum em que a energia e as alterações climáticas são discutidas. Além do Maas e Altmaier, cerca de 50 altos funcionários estão a participar este ano no evento.

Entre eles, a secretária-geral das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Patricia Espinosa, a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, e o enviado especial dos Estados Unidos para as Alterações Climáticas, John Kerry.