Cada prova no World Tour é uma oportunidade para João Almeida procurar mais registos pessoais e nacionais na carreira. Cada prova no World Tour é também um desafio para João Almeida perceber onde pode melhorar e o que pode esperar da equipa, a Deceuninck Quick-Step. A Volta à Catalunha, que se seguia para o português à Volta aos Emirados, à Strade Bianche e à Tirreno-Adriático, não foi exceção. E terminou com uma resposta à altura.

Na segunda etapa, um contrarrelógio de pouco menos de 20 quilómetros em Banyoles, o português deu tudo nos últimos metros, terminou na terceira posição apenas atrás de Rohan Dennis e do companheiro Rémi Cavagna, e conseguiu conquistar a liderança da prova, algo que apenas José Freitas Martins tinha alcançado após um prólogo no longínquo ano de 1974. Seguiu-se a montanha, seguiu-se uma natural descida: a Ineos tomou conta da corrida, Adam Yates ficou com a liderança, Richie Porte acabou em segundo, Geraint Thomas tinha apenas o português à frente para completar o pódio, algo que acabaria por acontecer na quarta tirada, a mais difícil para João Almeida que desceu à sétima posição da geral a quatro segundos do quarto lugar e a 18 segundos do pódio.

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“Foi mais um dia duro no escritório, de grandes montanhas e inclinações fortes, mas tive a equipa comigo. Fiquei satisfeito por ter chegado ao final com estes grandes corredores e, mesmo ficando atrasado nos últimos 400 metros, gostei da minha corrida. Vou tentar manter um lugar no top 10, guardar a camisola da juventude e, se puder ganhar alguns lugares, irei fazê-lo”, prometeu no final dessa etapa com chegada a Pallars Sobirà, onde o português não teve capacidade para responder aos últimos ataques (Esteban Chaves já ia na frente com a vitória garantida) também pelo desgaste que vai sofrendo na subida a fazer um trabalho para o qual outras equipas têm mais argumentos e que nem sempre a Deceuninck consegue garantir, como aconteceu na terceira tirada.

Nem por isso João Almeida perdeu a motivação para chegar mais à frente na classificação e essa capacidade de luta voltou a estar bem visível nas duas últimas etapas antes deste dia final, quando forçou o ritmo nos derradeiros metros da chegada a Manresa para ganhar alguns segundos e esteve na frente do sprint ganho por Peter Sagan na penúltima tirada que acabou em Mataró, onde não conseguiu também bonificar. Este domingo, em Barcelona, iria de novo tentar o impossível dentro do contexto de uma última etapa e subir algumas posições, sendo que este seria já o terceiro top 10 em corridas do World Tour depois do terceiro lugar nos Emirados e do sexto posto na Tirreno-Adriático. E voltou a brilhar, com um oitavo posto na etapa ganha pelo belga Thomas de Gendt, com 22 segundos de vantagem sobre o esloveno Matej Mohoric e 1.42 minutos sobre o húngaro Attila Valter, que ainda assim só conseguiu reduzir em dois segundos a distância para Esteban Chaves, não alterando o sétimo lugar.

Apesar disso, João Almeida, que terminou três etapas da Volta à Catalunha no top 10, garantiu também pela primeira vez uma vitória no prémio da juventude de uma corrida do World Tour, depois da segunda posição na categoria nos Emirados atrás de Tadej Pogacar e do terceiro posto na Tirreno-Adriático, com Pogacar e Egan Bernal na frente. No ano passado, o português tinha também ficado em terceiro no prémio da juventude do Giro (quarto na geral), com Tao Geoghegan Hart e Jai Hindley na frente. Em 2020, João Almeida ganhou a camisola da juventude no Tour de l’Ain, prova que não pertence ao calendário do World Tour.