A Juventus até começou melhor, voltou a deixar surpreender-se, Ronaldo resgatou um ponto já nos últimos dez minutos. O recente dérbi de Turim, que pode ter comprometido de vez a luta dos bianconeri, foi um filme igual a tantos outros numa época falhada a todos os níveis apesar do triunfo na Supertaça e da qualificação para a final da Taça de Itália. E houve um capítulo também idêntico após o encontro, com Pirlo a fazer uma autocrítica ao desempenho da equipa e ao que não conseguiu fazer à semelhança do que aconteceu em vários jogos da Serie A.

Três anos depois daquela bicicleta, Ronaldo ainda faz a diferença mas Juventus não tem motor: empate no dérbi “acaba” com contas do título

“Começámos bem, marcámos primeiro, o que é sempre difícil quando defrontas equipas defensivas, mas como já é hábito dificultámos a nossa própria vida. Queríamos uma segunda parte diferente mas cometemos logo um erro e tivemos de reagir. Um erro que já cometemos no passado, infelizmente demasiadas vezes. Também temos lapsos de concentração. Não podemos perder a concentração por um segundo porque, no momento em que perdemos a bola, somos castigados. Temos de trabalhar os princípios do futebol, como posicionamento e movimentações, encontrar espaços entre linhas, sobretudo frente as equipas que defendem bem. Neste momento, estamos a fazer muitos passes horizontais e isso torna-nos previsíveis», comentou à DAZN.

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Em abril, a dez jornadas do final da Serie A, o discurso do técnico continua com traços muitos semelhantes aos que eram utilizados para comentar os maus resultados no início da temporada – e foi também por sinais como esses que aquilo que parecia garantido, a continuidade na próxima época, se tornou uma improbabilidade, havendo até uma notícia do Tuttosport a garantir que se a Vecchia Signora não ganhasse ao Nápoles, o que colocaria a equipa fora dos lugares de acesso à Liga dos Campeões, Andrea Pirlo poderia sair antes do final do Campeonato, dando lugar a Allegri, técnico que comandou com sucesso a Juventus entre 2014 e 2019.

Em paralelo com a situação técnica, a constituição do plantel para a próxima temporada continua em cima da mesa e, apesar das visíveis deficiências da equipa a meio-campo (que contribuiu várias vezes não só para os problemas ofensivos mas sobretudo para os erros nas transições que deixaram a defesa em xeque), é do ataque que se fala: Dybala poderá estar de saída até como moeda de troca para assegurar a contratação de Mauro Icardo, Moise Kean surge como hipótese para regressar ao clube, e Milik está na frente de Morata, emprestado pelo Atl. Madrid, por ser uma opção mais barata. Ronaldo, esse, parece certo. E com mais elogios, desta vez do antigo Bola de Ouro Fabio Cannavaro, que é hoje treinador dos chineses do Guangzhou Evergrande: “Se marcar 24 golos em 25 jogos calam-se todos. Os seus feitos demonstram que é um craque e foi decisivo na Supertaça”.

24 golos em 25 jogos na Serie A até ao encontro frente ao Nápoles, 25 golos em 26 jogos no final dos 90 minutos. E além de ter contribuído de forma direta para o regresso às vitórias da Juventus (2-1), tornou-se o primeiro jogador com 25 ou mais golos no Campeonato em 12 temporadas (uma pelo Manchester United, nove pelo Real Madrid, duas agora em Itália). O avançado português preferia que esta tivesse sido uma quarta-feira de Champions mas, mesmo sem esse objetivo, não deixou de ser uma quarta-feira de (mais) recordes.

Ao contrário do que aconteceu nos últimos encontros, nomeadamente com o Torino, a Juventus teve uma boa entrada em campo, com velocidade e mobilidade no ataque e grande capacidade na pressão alta que deixou o Nápoles sem hipótese de saída do seu meio-campo. Logo no segundo minuto, Ronaldo falhou a primeira grande oportunidade como não costuma fazer, desviando ao lado isolado na área um cruzamento da direita de Danilo. No entanto, a redenção não demorou: Chiesa teve mais uma grande jogada pela direita, cruzou rasteiro e o avançado apareceu ao primeiro poste para rematar cruzado e inaugurar o marcador (10′). Só mesmo nos últimos minutos antes do intervalo o conjunto de Gattuso conseguiu esticar um pouco mais o jogo, com um remate com perigo de Insigne, mas foram os bianconeri que estiveram sempre mais perto de aumentar a vantagem.

No segundo tempo, entre duas ameaças de Giovanni Di Lorenzo e Insigne bem travadas por Buffon, que voltou a ocupar a baliza da equipa de Pirlo, a Juventus foi jogando mais em transições e foi dessa forma que, já depois de duas boas chances de Chiesa e Cuadrado, Dybala selou o regresso à equipa após lesão e castigo com um golo que praticamente sentenciou a partida após assistência de Betancur, também ele muitos furos acima das exibições mais recentes (75′). O máximo que o Nápoles conseguiu fazer foi reduzir a desvantagem de grande penalidade no minuto 90 por Insigne, num triunfo que colocou a Juventus no terceiro lugar a um ponto do AC Milan mas a 12 do Inter, que recebeu e venceu o Sassuolo por 2-1 com golos de Lukaku e Lautaro Martínez.