Mais de 100 trabalhadores da refinaria de Matosinhos, que deverá encerrar este ano, aceitaram manter o vínculo profissional com a Galp, segundo informações veiculadas por esta empresa à câmara, disse esta terça-feira a presidente desta autarquia do distrito do Porto.

Durante a reunião pública do executivo municipal, que decorreu via online, Luísa Salgueiro revelou que a Galp lhe deu conhecimento que mais de 100 trabalhadores aceitaram manter o vínculo profissional quer “seja neste complexo petroquímico, quer seja noutras operações que a Galp tem na e fora da região“.

A Galp tem ainda a expectativa de alargar este número, sendo que existe acordo com um terço dos trabalhadores, alguns dos quais aceitaram a reforma antecipada, para se manterem nas operação de desmantelamento [do complexo]”, referiu a autarca com base nos esclarecimentos da empresa.

Luísa Salgueiro adiantou ainda aos vereadores que, até ao momento, a Galp sublinhou ter apenas decidido manter o complexo logístico para o abastecimento da região Norte naquela instalação. Quanto a eventuais utilizações futuras complementares ao complexo logístico estão a ser realizados estudos e nenhum deles está ainda concluído, acrescentou.

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Em dezembro, a empresa anunciou a intenção de concentrar as operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines, descontinuando em 2021 a refinação em Matosinhos. A decisão da Galp de descontinuar a refinação em Matosinhos põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos.

Já no final de março, a Galp encerrou a fábrica de combustíveis da refinaria em “linha” com o calendário previsto. No início do ano, a Galp detalhou que “estão previstas três grandes etapas sequenciais — descomissionamento, desmantelamento e descontaminação — que devem prolongar-se durante um período mínimo de três anos”.

O descomissionamento da refinaria “terá lugar durante 2021 (até final de março para a fábrica de combustíveis, até final de junho para as fábricas de aromáticos e óleos base e até final de dezembro para as utilidades) e destina-se a isentar todas as unidades processuais da presença de produto”.

Os trabalhadores já organizaram quatro protestos: um junto à Câmara Municipal de Matosinhos, a 12 de janeiro, outro a 2 de fevereiro em frente à sede da Galp e à residência do primeiro-ministro, um terceiro a 25 de fevereiro, junto à Câmara Municipal do Porto, e um último a 18 de março, novamente frente à residência do primeiro-ministro.

A juntar a estes, os trabalhadores agendaram para sexta-feira, em Matosinhos, um debate subordinado ao tema “A refinaria do Porto tem futuro“. O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.