O edifício José Domingos Barreiro, em Lisboa, acolhe a partir de sexta-feira a exposição coletiva “New Era for Humanity”, com trabalhos de 27 artistas contemporâneos, maioritariamente africanos, e que marca o arranque do projeto Marvila Art District.

A mostra e o projeto foram apresentados esta terça-feira à comunicação social, numa conferência de imprensa seguida de visita ao edifício-sede do antigo armazém vinícola José Domingos Barreiro, cuja fachada está virada para a Praça David Leandro da Silva.

O antigo armazém vinícola é agora propriedade de uma empresa estrangeira de investimento imobiliário, que desafiou a fundadora e diretora da galeria Movart, de Luanda, Janire Bilbao, a criar um projeto artístico para o edifício-sede, até ao início das obras.

Segundo Janire Bilbao, “New Era for Humanity” é a primeira exposição do Marvila Art District, “mas não será a única”. “Durante os próximos anos queremos desenvolver mais projetos em espaços nesta zona”, afirmou.

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A mostra, que se distribui por várias salas ao longo dos cinco pisos do edifício — cave, rés-do-chão, primeiro, segundo e terceiro andares — é comissariada pela académica e crítica de arte Negarra A. Kumudu e inclui trabalhos de artistas de países como Angola, África do Sul, Moçambique, Nigéria, Portugal e São Tomé e Príncipe.

A exposição, ainda em montagens, procura, “através da escultura, pintura, fotografia, performance e videoarte, estabelecer ligações entre os diferentes artistas”.

A lista de participantes inclui Mónica de Miranda, Rita GT, Binelde Hyrcan, Jordi Burch e Ondjaki, Miguel Petchovsky, Bruno Cattani, Ilhosvanny, Mário Macilau, Mumpasi Meso, Colectivo Boanda e Kwame Sousa.

Depois desta exposição, explicou um representante da empresa de investimento imobiliário, o edifício-sede entrará em obras de renovação, “que irão manter o mesmo estilo arquitetónico, colunas, janelas e detalhes”, e passará a ter sete apartamentos de habitação — dois por piso e uma ‘penthouse’ no último andar.

O resto do projeto que a empresa Reward Properties, originária da África do Sul, tem planeado para o quarteirão onde em tempos funcionou o antigo armazém vinícola inclui “nova construção”, que dará origem a mais 159 apartamentos.

Alan Bell revelou que o projeto vale “no total cerca de 80 milhões de euros em vendas” e considerou que os apartamentos serão “acessíveis” para os portugueses, com preços a começar em cerca de 220 mil euros, por um estúdio.

O quarteirão da José Domingos Barreiro, cujo início da construção data de finais do século XIX, tem cerca de 14 mil metros quadrados, e é composto, além do edifício-sede, por um armazém e zonas onde moravam os trabalhadores da empresa.

No interior do edifício que que agora acolhe uma exposição há painéis de azulejos, datados dos anos 1928, criados na Fábrica de Sacavém, que encerrou na década de 1980.

Até ao início das obras, a empresa proprietária do espaço decidiu entregar o edifício-sede à Movart, para criar uma “galeria de arte ‘pop-up'” e assim “devolver algo à comunidade”.

Criada em Luanda, em 2017, para dar visibilidade aos artistas locais e das diásporas africana e lusófona, a Movart abriu o espaço próprio em outubro do ano passado em Lisboa, na Rua João Penha, depois de ter apresentado projetos, em 2019, temporariamente, num espaço no Palais Castilho, em Lisboa.

A Movart tem participado regularmente em feiras internacionais como a 1:54 Contemporary African Art Fair (Nova Iorque), Scope International Art Show (Miami Beach), Joburg Art Fair (Joanesburgo), London Art Fair (Londres), AKAA Fair (Paris), ARCOMadrid e ARCOlisboa.

A exposição “New Era for Humanity” estará patente até 07 de agosto e é visitável de segunda a sexta-feira entre as 14:00 e as 18:30 e ao sábado e domingo entre as 10:00 e as 14:00.