A cidade de Lisboa recebe quinta e sexta-feira a Conferência de Diplomacia Desportiva, um evento no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia dedicado ao “lubrificante” da diplomacia oficial.

“A diplomacia desportiva nunca substituirá a diplomacia oficial, age mais como um lubrificante. (…) Hoje em dia, já vemos países que têm embaixadores desportivos ligados aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros. É uma forma de aproximar o desporto da diplomacia oficial”, explicou à agencia Lusa o professor universitário belga Thierry Zintz.

O especialista no tema será moderador do quarto painel da Conferência, na sexta-feira, que conta com convidados como o reitor da Academia Olímpica Internacional, Konstantinos Georgiadis, Kirsten Hasenpusch, membro da Juventude Desportiva da Alemanha, ou o diretor da Federação Portuguesa de Futebol Pedro Dias.

A sessão será dedicada ao uso do desporto como um instrumento na política de desenvolvimento da União Europeia, um tema que, alerta Zintz, “não é recente”, mas antes um trabalho que tem acontecido na última década com crescente intensidade.

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Para este painel, foram procurando pessoas “muito engajadas com um trabalho de desenvolvimento de práticas de diplomacia desportiva” incorporadas nas corporações e associações que representam.

“O objetivo é mostrar exemplos concretos de diplomacia desportiva dentro da União Europeia, ou entre a UE e outros países”, acrescenta.

Este painel encerra o ciclo de debates, seguindo-se uma sessão final que conta com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, o presidente do Comité Paralímpico Internacional, Andrew Parsons, e os secretários de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, e da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo.

O programa começa esta tarde, pelas 15:00, com o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, o presidente da UEFA, Aleksandr Ceferin, e o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Segue-se o primeiro painel, ao desporto e diplomacia no contexto das relações externas da UE, com três outras sessões na sexta-feira.

“Diplomatas em fatos de treino” junta o atleta Belone Moreira a três ex-atletas, a vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal Leila Marques, a integrante da Comissão de Atletas do COI Emma Terho e Paulo José Frischknecht, presidente do Conselho de Administração da Fundação do Desporto, junto a outros convidados.

O desporto de base é discutido no terceiro painel, integrando um programa que, afirma à Lusa o presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Vítor Pataco, junta “um conjunto de especialistas ao mais alto nível”, internacionais e portugueses, destacando a presença de António Sampaio da Nóvoa.

“O que está aqui em causa é termos dois dias em que vamos colocar um tópico que outros países, nomeadamente norte-americanos e australianos, já consideram com muita relevância há algum tempo. (…) [Podermos] trazer essa discussão não apenas para as questões domésticas, mas especialmente aproveitando a presidência portuguesa para trazer o assunto para o nível da UE”, resume.

Segundo Vítor Pataco, o efeito da diplomacia “vai funcionando em cascata”, dando o exemplo de eventos e encontros desportivos, como os Jogos da Lusofonia.

“Fazem muito mais pela aproximação dos nossos povos, que têm uma língua comum, do que muitas cimeiras, muitos encontros formais. A loucura de ver aqueles jovens, a interação que ocorre entre as delegações é absolutamente extraordinária. Isto é diplomacia desportiva”, comenta.

A conferência perfila-se, assim, como uma “oportunidade” de colocar o tema em cima da mesa ao nível europeu, completa.