Durante quase três décadas, Maurizio Sarri foi-se tornando um treinador da moda, em grande parte pela forma como colocou o Nápoles como uma das melhores equipas da Serie A, mas nunca ganhou um troféu. Depois, e em épocas consecutivas, conquistou uma Liga Europa pelo Chelsea e um Campeonato pela Juventus. A seguir, parou. Achou que a chegada a Turim permitiria desenvolver um projeto a médio/longo prazo mas passado apenas um ano tinha a porta da saída à frente e foi também por isso que tirou um período sabático do futebol que vai agora chegar ao fim com a chegada à Lazio. E as ondas provocadas por essa chegada já se fizeram sentir.

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Mal foi confirmada a contratação para suceder no comando a Simone Inzaghi, os adeptos laziale “passaram” pelo bairro de Testaccio, onde o artista Harry Greb tinha pintado um mural alusivo à chegada de José Mourinho à Roma, e desenharam também uma nuvem de fumo alusiva aos cigarros de Sarri fuma em cima da cabeça do treinador português. E agora o técnico transalpino quebrou o silêncio, numa entrevista à SportItalia, falando de vários temas incluindo a temporada que passou na Juventus onde liderou Cristiano Ronaldo.

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“A gestão do Cristiano não é fácil. Ele é uma multinacional e há interesses pessoais que devem ser conciliados com os da equipa. É uma situação difícil de gerir. Considero-me treinador e não gestor. O Ronaldo tem mais de 200 milhões de seguidores nas redes sociais e isso é algo que vai além do clube e da equipa. Claro que, no final do ano, traz números”, comentou, antes de analisar também a possibilidade de saída ou não do avançado: “Se existe exigência orçamental e é preciso baixar a massa salarial, é melhor deixar para trás apenas um jogador e não cinco ou seis. Mas se o Ronaldo lá estiver, deve-se formar uma equipa adequada para jogar à volta dele”.

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Em paralelo, Sarri admitiu que foi um erro deixar o Chelsea, algo que justificou com “a grande vontade de voltar a Itália”. “Onde fui mais feliz foi do Nápoles e nos últimos meses do Chelsea. É um grande clube, que nos anos seguintes iria contratar vários jogadores jovens para o meu estilo de jogo. Foi um ano particular, com Roman Abramovich impedido de entrar em Inglaterra também. Mas tinha mesmo um desejo enorme de voltar ao meu país e saí, antes das chegadas do Werner, do Havertz, do Mount ou do Ziyech”, admitiu, antes de recusar uma suposta discussão mais acesa com Pavel Nedved mas admitindo que chegou no tempo errado à Juventus.

Maurizio Sarri, o antigo bancário que é apaixonado pelo jogo e vai à procura de fumo branco na Juventus

“O título era um dado adquirido na Juventus, tanto pelas pessoas fora do clube como pelas pessoas de dentro. Nós nem festejámos [em 2019/20], cada um foi jantar por sua conta. Provavelmente o melhor ano para ir para a Juventus é este, uma vez que o quarto lugar foi motivo de festa. No futebol a vitória não é garantida. Às vezes trabalhas no duro e não podes vencer”, frisou, numa farpa pelo que aconteceu na última jornada da Serie A em que a Vecchia Signora aproveitou um empate caseiro do Nápoles para se qualificar para a Champions.

“O que andei a fazer? Nos últimos 332 dias estive com a minha família. Li muito e assisti a vários jogos. E também vi provas de ciclismo, que é das coisas que mais gosto. Venho de uma família de ciclistas. É uma paixão familiar. Foi um ano muito especial. Não me incomodava muito estar fora do futebol. Toda esta situação [da pandemia da Covid-19] não me motivava a voltar”, admitiu ainda o técnico transalpino.