A oposição húngara exige demissões no governo de Viktor Orbán na sequência das denúncias de que jornalistas, políticos e ativistas foram alvos do programa de espionagem Pegasus. “Pelo menos a ministra da Justiça [Judit Várga] tem de se demitir”, afirmou ao The Guardian  Gergely Karácsony, presidente da Câmara Municipal de Budapeste e um dos principais líderes da oposição, apontado como possível adversário de Viktor Orbán na disputa pelo cargo de primeiro-ministro nas eleições legislativas do próximo ano.

O programa Pegasus foi desenvolvido pela empresa israelita NSO e é utlizado como ferramenta para combater o terrorismo e a criminalidade. No entanto, as organizações não-governamentais Forbidden Stories e a Amnistia Internacional, em parceria com um consórcio de 17 órgãos de comunicação social, revelaram que esta ferramenta está a ser utilizada para espiar político, ativistas e jornalistas, sendo que o executivo da Hungria é um dos que mais tem sido visado nas acusações de espionagem, nomeadamente a jornalistas.

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Na segunda-feira, mais de mil pessoas juntaram-se na Hungria para protestar contra o envolvimento do governo húngaro no escândalo Pegasus, e ouviram-se vários pedidos de demissões no executivo. “Este escândalo mostra que já não se pode falar de Estado de direito na Hungria”, disse à Associated Press a deputada Anna Donáth, da oposição. “A nossa exigência é a demissão do governo.”

Até ao momento, a ministra da Justiça, Judit Várga, não confirmou nem desmentiu que o seu executivo tenha usado o Pegasus, mas disse que que “todos os países precisam destas ferramentas”, embora não tenha apresentado justificações para espiar jornalistas ou adversários políticos.

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O caso Pegasus não é o único a aumentar a pressão sobre o governo húngaro, que nos últimos meses tem estado envolvido em diversas polémicas e braços de- erro, não só com opositores internos, como com a União Europeia.

Uma dessas polémicas foi a aprovação da lei anti-LBGTI, que proíbe a “promoção da identidade de género” nas escolas, equiparando a homossexualidade à pornografia. A legislação foi fortemente criticado pelos Estados-membros da União Europeia, e Viktor Órban anunciou um referendo à lei. No passado fim de semana, milhares de pessoas juntaram-se nas ruas de Budapeste nas ruas da capital húngara na Marcha da Orgulho.

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“É uma tentativa desesperada de desviar atenção das suas fraquezas”, atirou Gergely Karácsony, que esteve presente nas manifestações, dirigindo-se a Viktor Orbán.

As próximas eleições legislativas na Hungria estão previstas para a primavera de 2022 e a oposição está a organizar-se para formar um bloco de seis partidos capaz de derrubar o Fidesz de Orbán. Uma sondagem do instituto IDEA mostra a polarização que existe neste momento da Hungria, com 37% dos húngaros a apoiarem a lista da oposição, enquanto 36% apoiam o Fidesz. Quanto aos húngaros que de certeza que vão votar, o Fidesz tem uma ligeira vantagem em relação à oposição, com 47% contra 45% dos votos.

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A coligação junta partidos com ideologias bastante distintas, desde nacionalistas a partidos de esquerda, e o seu candidato deverá ser escolhido em primárias a realizar neste verão, de acordo com o Politico.  O grande desafio é chegar a consensos entre partidos de campos políticos bastantes distintos e criar uma coligação alargada para pôr fim ao governo de Orbán, no poder desde 2010.

Além do presidente da Câmara Municipal de Budapeste, Gergely Karácsony, apontado como favorito, os principais candidatos na na corrida à liderança do bloco da oposição Klára Dobrev, vice-presidente do Parlamento Europeu, András Fekete-Győr, líder do partido Momentum, e Péter Jakab, líder do Jobbik, um partido conotado com a extrema-direita que rompeu com Fidesz, embora tenha votado ao lado do partido de Orbán na lei anti-LGBTI.