O Fundo de Resolução não se opôs à proposta para prolongar por mais dois anos o pagamento da dívida das empresas de Luís Filipe Vieira, mas fez uma recomendação: o Novo Banco deve obter por parte da Promovalor II e da Inland garantias reais de que os 160 milhões de euros de valores obrigatoriamente convertíveis em ações (VMOC) vão ser pagos. E uma das hipóteses em cima da mesa será a entrega de bens pessoais por parte de Luís Filipe Vieira, dos dois filhos, da mulher, e do empresário Almerindo Duarte, os restantes acionistas das empresas.

“Nas negociações que se irão seguir é uma hipótese a entrega de bens pessoais [dos acionistas] como garantia dos VMOC”, disse ao Correio da Manhã, que esta sexta-feira avança a notícia, uma fonte próxima do processo.

Novo Banco deve prolongar por dois anos maturidade da dívida de empresas de Luís Filipe Vieira

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Apesar de não as ter identificado em nenhuma das duas ocasiões em que procedeu à avaliação do património pessoal do empresário, o Novo Banco deverá agora solicitar a Luís Filipe Vieira que entregue as ações que detém da SAD do Benfica, avança o jornal. Chamado a comentar o assunto, o ex-presidente do clube, afastado do cargo em julho, permaneceu em silêncio.

Tendo em conta o restante património do empresário — na primeira avaliação foi encontrada uma casa para palheiro em Alverca, entretanto vendida por 5 mil euros; e na segunda uma loja na mesma localidade e uma moradia, na margem sul do Tejo —, as ações da SAD do Benfica serão o bem mais valioso a tentar resgatar pelo Novo Banco. De acordo com as contas do Correio da Manhã, Luís Filipe Vieira tem cerca de 3,3 milhões de euros em ações da Benfica SAD — 753.615 títulos, a 4,39 euros cada um, de acordo com a cotação desta quinta-feira à tarde.

Recorde-se que, em 2019, o Novo Banco procedeu também à avaliação dos bens de Almerindo Duarte, acionista minoritário do grupo Promovalor: uma propriedade rural em Castelo de Paiva e uma fração residencial no Estoril, com hipoteca. Face à dimensão do valor em dívida, nem sequer se considerou relevante perceber ao certo quanto poderiam custar e avançar para avaliações.

Na segunda-feira, 30 de agosto, o Banco de Portugal revelou que o Novo Banco tinha conseguido o aval do Fundo de Resolução para prolongar por mais dois anos a maturidade da dívida das empresas de Luís Filipe Vieira, sob pena de se tornar seu acionista, com a conversão dos 160 milhões de euros em VMOC agendada para o dia seguinte.