Com 90% dos votos apurados, o partido Rússia Unida soma já 49,66% dos votos, segundo dados avançados esta segunda-feira pela Comissão Eleitoral Central (CEC), citados pela Tass. O partido do Kremlin já tinha reivindicado neste domingo a vitória nas eleições legislativas russas, e com os resultados mais recentes deverá assim renovar a sua maioria constitucional na Duma.

Dos 14 partidos a eleição, o segundo partido mais votado é o Partido Comunista Russo com 19,56% dos votos, o ​​Partido Liberal Democrático em terceiro com 7,51%. Em quarto fica a Rússia Justa com 7,38% e o partido Gente Nova com 5,33%. Na câmara baixa entrarão assim cinco partidos, em vez dos quatro da anterior legislatura.

De acordo com cálculos preliminares, o partido Rússia Unida deverá obter cerca de 112 mandatos e 195 círculos eleitorais de mandato único, aponta a Tass, pelo que é provável que a Rússia Unida tenha uma maioria constitucional na Duma, ou seja mais de 300 dos 450 assentos parlamentares na câmara baixa.

Estes resultados garantirão, de acordo com a CEC, a maioria absoluta ao partido do Presidente russo, Vladimir Putin, consolidando o poder do líder russo.

Apesar dos resultados, o partido está a perder algum apoio em relação, por exemplo, às últimas eleições. Em 2016, o partido no poder obteve mais de 54,20% dos votos, o que lhe permitiu somar 334 mandatos e aprovar leis sem precisar de acordos com a oposição com assento parlamentar. O Partido Comunista teve o maior crescimento, e passou 13% para os quase 20% apurados até agora.

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“Permitam-me que vos felicite por uma clara e limpa vitória”, declarou ainda no domingo Andrei Turchak, secretário-geral do partido no poder, na sua sede, em Moscovo, perante vários dos cabeças de lista do partido presidencial, mas com algumas ausências notadas, como as dos ministros da Defesa, Sergei Shoigu, e dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov. O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobianin, afirmou que os resultados das eleições para a Duma determinarão “o destino do país, a sua estratégia de desenvolvimento, a sua soberania, a sua economia e a proteção social dos seus cidadãos”.

“Lideramos claramente, tanto por listas como em número de círculos eleitorais. O nosso objetivo é a maioria constitucional que, segundo os nossos dados, conseguiremos. Esperemos que cheguem os resultados”, assegurou Sergei Perminov, subsecretário-geral do partido.

Comunistas denunciam fraudes em várias regiões

Poucos minutos antes do fecho das mesas eleitorais na parte europeia da Rússia, os comunistas denunciaram a ocorrência de fraude em várias regiões do país, desde a parte europeia à Sibéria e ao Extremo Oriente, e exigiram a perseguição criminal dos “falsificadores”.

Tanto a CEC como o Ministério do Interior russo desvalorizaram as infrações, argumentando que não influenciaram o resultado final das eleições.

A CEC reconheceu apenas uma dúzia de casos de enchimento de urnas com votos falsos e anunciou a anulação de mais de 8.500 votos, o que causou a indignação da oposição.

A app de Navalny que quer unir a oposição russa — mas está a dividi-la

Os observadores independentes e a oposição extraparlamentar, liderada pelo encarcerado Alexei Navalny, denunciaram numerosos casos de fraude no voto eletrónico — 2,6 milhões de eleitores — e ao domicílio, e também a votação forçada de militares e funcionários do setor público.

Segundo a CEC, cerca de 45,15% dos 110 milhões de eleitores russos foram às urnas, menos 2,5 pontos percentuais que há cinco anos.

[Artigo atualizado dia 20 de setembro às 11h30 com novos resultados dos 90% de votos apurados]