Portugal desde cedo assumiu a sua ambição de ser um polo agregador de startups, sendo inclusivamente a casa da Web Summit – o maior evento de startups a nível mundial, que traz anualmente milhares de pessoas de todo o mundo. Entre 2017 e 2016 constituíram-se mais de 350 000 empresas, tendo sido 2015 o melhor ano para o empreendedorismo em Portugal.

No mundo das startups portuguesas, o seu crescimento é bem patente, tendo Portugal já quatro “unicórnios”. Unicórnio é o termo reservado para as startups que ultrapassam a meta de valorização de mil milhões de dólares. Este “pódio” está, para já, reservado à Farfetch, à Talkdesk, à Outsystems e à Feedzai, estando em conjunto avaliadas em cerca de €25 mil milhões – valor que já representa 40% do PSI-20.

A grande questão prende-se sempre com o “Como se chega lá?”. E é isso que a European Innovation Academy (EIA) quer aplicar em apenas 3 semanas. Há vários mitos associados ao empreendedorismo e ao sucesso das ideias. Uns defendem que é sorte, outros defendem que é muito trabalho. Nenhum dos dois elementos pode, em boa verdade, ser excluído, mas aquilo que à maioria passa ao lado é que empreender é um processo. E é possível ensiná-lo.

Aprender a empreender

Todos nós temos ideias diariamente. O maior desafio numa startup é o de tornar uma ideia num negócio. A boa notícia? É que o processo de empreender já é ensinado. A EIA é um programa intensivo de verão, que funciona como acelerador de ideias – na prática, propõe criar uma startup em apenas 3 semanas. Na edição de 2021, este acelerador de negócios acolheu um total de 371 alunos de 70 países diferentes. Foi o ano com o maior número de estudantes portugueses, num total de 197, sendo 152 destes apoiados pelas bolsas Santander.  Mas também com participações de alunos de universidades como a UC Berkeley, a Arizona State University e a Michigan University. Este é só mais um dos desafios para acelerar o processo de criação de ideias, ao confrontar os alunos com diferentes culturas, diversos contextos e diversos fusos horários – colocando em prática contextos de trabalho real no mundo do ensino.

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Este desafio, apoiado pelo banco Santander, confere aos alunos uma experiência num ambiente real… e acelerado. Em grupos de cinco, os alunos são desafiados a atravessar diversos obstáculos, desde a sua própria ideia conceptual até atingirem uma ideia e empresa completamente adaptado ao mercado. E que resulta mesmo. Segundo Tiago Gil, um dos cinco finalistas da edição deste ano, o projeto em que participou “irá continuar e acredito que vários outros projetos possam vir a ter um futuro também”.

Em 2021, o EIA foi o primeiro curso completamente online sobre empreendedorismo, conferindo uma experiência completamente imersiva.  O curso é dado por diversos mentores, com destaque nas suas áreas de trabalho (marketing,  gestão, design e software developing), e dá aos estudantes os skills e know-how necessários para serem empreendedores de sucesso. Segundo Hugo Jorge, outro dos finalistas portugueses deste ano, tudo começa com a decisão de “integrar uma equipa com um conceito já definido ou sermos nós próprios a criar”, seguido de um programa intensivo diário que inclui “vídeos educacionais, reuniões com o resto da equipa e mentores, as tarefas relacionadas com os conceitos introduzidos e o planeamento da estratégia a adotar nos dias seguintes”.

5 perguntas para saber mais sobre o EIA

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Susana Fonseca, Head of Portuguese Relations do EIA, fala sobre o que marca este programa e como a edição deste ano foi diferente.

Qual é o grande desafio da EIA?

O objetivo é colocar os estudantes a formar a sua própria startup. É uma experiência real.

Quais são as características distintivas do programa?

A mentoria que nós temos, com pessoas de topo na área – desde Google, Facebook, Uber e muitas outras. O programa é co-desenvolvido com entidades da Califórnia e há uma grande influência delas na mentoria. São estas pessoas que transmitem o conhecimento mas também que acompanham os alunos durante as três semanas.

Foram 350 alunos de cerca de 70 países. Qual é a importância da multiculturalidade nesta experiência?

Acaba por dar backgrounds diferentes, não só de estudos mas de vivências. É uma oportunidade incrível de crescimento pessoal. Ao fim de três semanas há uma abertura gigante dos estudantes para aceitar desafios fora da sua área de conforto porque tiveram contacto com pessoas com experiências totalmente diferentes.

O que é que os alunos lhe dizem no final?

Que é uma experiência que lhes muda a vida. Acontece tanta coisa em três semanas, onde têm prazos e desafios que têm de cumprir e adaptar-se, que o feedback acaba por ser esse.

Em 2021 a edição foi online. Qual o balanço?

Funcionou bem porque estruturámos muito bem como as coisas iam funcionar. Passado um ano já estamos habituados ao formato digital e os alunos também. O que aconteceu diferente este ano foi que tivemos o ano com o maior número de participantes portugueses. O programa é em Cascais e ser online facilitou a participação de estudantes de universidades mais longe, seja das ilhas ou do norte do país.

E assim, em três semanas, formam-se alunos não só com potenciais negócio mas também completamente adaptados à realidade do trabalho. Para Tiago Gil o grande destaque é a “visão que temos de como uma empresa começa por baixo”, sendo para isso relevante o aprendido na “organização de desenvolvimento de projetos”. Hugo Jorge reforça essencialmente a realidade do mercado a que têm acesso. “Mudou a forma como passei a encarar, não só os mercados, mas também grande parte da dinâmica que os antecede”, destacou.

O Banco Santander, depois do seu forte compromisso com o ensino superior através do Santander Universidades, assume agora também esforços que vão para além disso – o de adaptar os estudantes à realidade dos negócios que os espera. Com uma relação próxima com 50 instituições de ensino superior, o seu trabalho insere-se em três grandes eixos: Educação, Empreendedorismo e a Empregabilidade. Esta vai ser uma geração habituada aprender e a criar.

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