O poder de compra dos portugueses está sobretudo concentrado nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. A tendência é particularmente visível considerando o caso do próprio concelho de Lisboa, o único concelho do país que consegue mais do que duplicar a média do poder de compra nacional.

O cálculo é feito pelo Instituto Nacional de Estatística na 14ª edição do Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, com dados que se referem a 2019, portanto ao período pré-pandemia. Segundo o relatório publicado na quinta-feira, o poder de compra per capita, retratado pelo Índice do Poder de Compra, estará acima da média nacional em apenas 32 municípios, o que traduz um desequilíbrio territorial considerável.

A maior parte desses municípios está concentrada nas áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP): se a média nacional se situa nos 100,6, a área metropolitana de Lisboa chega aos 121,77 e a lidera, isoladamente, com 205,6, enquanto a área metropolitana do Porto regista 105 pontos neste índice.

Além disso, só nos primeiros quinze lugares do ranking, encontram-se Oeiras, Alcochete, Cascais (AML) e Porto, Matosinhos, São João da Madeira e Maia (AMP). Ainda acima da média estão, no primeiro grupo, Almada, Setúbal, Loures, Palmela, Barreiro, Amadora, e no segundo grupo Espinho e Vila Nova de Gaia. No caso da AML, há ainda dois muncípios que conseguem superar a média da própria área metropolitana (Lisboa e Oeiras); na AMP, é o caso de Porto, Matosinhos, São João da Madeira e Maia.

O relatório espelha, assim o peso da “urbanização” no poder de compra, explica o relatório, que aponta ainda para capitais de distrito com índices superiores à média (Faro, Coimbra, Aveiro, Évora e Funchal). Já quando se olha para os municípios que ficam abaixo da média, o número aumenta e muito: são 145 (ou seja, 45% dos 308 concelhos portugueses).

Em resposta ao Jornal de Negócios, o INE explicou que o indicador de poder de compra é um “indicador síntese” que considera componentes como o rendimento bruto, o valor das compras através de terminais de pagamento automático, o valor dos levantamentos em multibanco ou até o crédito concedido para habitação.

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